ATA DA NONAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 18.11.1998.

 


Aos dezoito dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, José Valdir, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Nonagésima Quarta e Nonagésima Quinta Sessões Ordinárias que, juntamente com a Ata da Nonagésima Terceira Sessão Ordinária, foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, o Projeto de Lei do Legislativo nº 160/98 (Processo nº 3151/98); pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, o Projeto de Lei do Legislativo nº 162/98 (Processo nº 3170/98); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, o Projeto de Resolução nº 49/98 (Processo nº 3197/98); pelo Vereador Clovis Ilgenfritz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 155/98 (Processo nº 3098/98); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 136/98 (Processo nº 3200/98); pela Vereadora Maria do Rosário, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 156 e 157/98 (Processos nºs 3126 e 3128/98, respectivamente). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 465 e 467/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 25/98, do Senhor Édson Richa, Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul/RS; 32/98, da Senhora Noemi de Quintana Estácio, Chefe do Escritório de Representação da Secretaria de Assistência Social/RS do Ministério da Previdência e Assistência Social; 119/98, da Senhora Gislaine Frota, da Coordenação de Apoio ao Ensino da Secretaria Municipal de Educação/RS; 486/98, do Senhor Luiz Fernando Rhoden, Superintendente Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura; 615-25/98, da Federação dos Bancários/RS; Fax: da União dos Vereadores do Brasil – UVB; da Senhora Teresinha Rodrigues de Oliveira, da Unidade de Serviços Financeiros da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP; Impressos: da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, divulgando o evento “1968: Contestação e Utopia”; do Instituto Delmiro Gouveia para o Desenvolvimento, divulgando o II Programa de Intercâmbio Técnico-Administrativo Brasil/Portugal/Espanha para Municípios Brasileiros, em Fortaleza/CE; do Brasil Sul Congressos Desenvolvimento Pessoal e Empresarial, divulgando o 2º Seminário Gaúcho da Qualidade na Administração Pública Municipal, em Bento Gonçalves/RS; da União Nacional de Vereadores – UNV, divulgando o X Encontro Nacional de Vereadores, Prefeitos, Vice-Prefeitos, Secretários Municipais e Assessores, em Foz do Iguaçu/RS. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor César José Pedroso Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – SIMPA, que registrou o falecimento do Guarda Municipal Fernando Dias Simões da Silva, vítima de homicídio durante o exercício de suas funções. Também, discorreu a respeito do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, de Agravo Regimental interposto pelo Município de Porto Alegre, relativo à política salarial dos funcionários públicos do Município. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, teceu considerações sobre os posicionamentos adotados pelo Executivo Municipal quanto à política salarial dos municipários de Porto Alegre. Também, criticou a utilização, pela Prefeitura Municipal, do sistema de cartas-contrato para a admissão de novos servidores, analisando aspectos jurídicos relativos à questão. A seguir, por solicitação da Vereadora Tereza Franco, foi feito um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Guarda Municipal Fernando Dias Simões da Silva, falecido no dia dezessete de novembro do corrente. Às quatorze horas e trinta e três minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 47/98, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/97, discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel e Maria do Rosário, o Projeto de Lei do Executivo nº 41/98, discutido pelos Vereadores João Dib e Elói Guimarães. Após, o Vereador Elói Guimarães formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Renato Guimarães manifestou-se acerca do acompanhamento feito pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa nas negociações mantidas pela Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia – FUGAST junto à Assembléia Legislativa do Estado, a fim de solucionar problemas de atraso no pagamentos dos salários dos servidores da referida Fundação, que prestam serviços em diversos estabelecimentos de saúde da Região Metropolitana. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Renato Guimarães, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Também, foi aprovado Requerimento da Vereadora Anamaria Negroni, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Na oportunidade, face ao retorno da Vereadora Anamaria Negroni, o Senhor Presidente declarou suspensa a Licença e a posse acima referidas. Em Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 07/98, por dezessete votos SIM e treze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Elói Guimarães, Antonio Hohlfeldt, Lauro Hagemann, Adeli Sell, Reginaldo Pujol e Fernando Záchia, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Ruas e Renato Guimarães e Não os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 07/98, o Vereador Cláudio Sebenelo registrou ter o Vereador Antonio Hohlfeldt sido laureado Doutor em Teoria da Literatura pela Faculdade dos Meios de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica – FAMECOS/PUC, tendo o Vereador Pedro Américo Leal manifestado-se a respeito. Ainda, face a Questões de Ordem dos Vereadores Maria do Rosário, Antonio Hohlfeldt, José Valdir, Nereu D’Ávila e Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das Sessões Extraordinárias agendadas para o mês de novembro, conforme reunião da Mesa Diretora com o Colégio de Líderes, e da matéria a ser apreciada nessas Sessões, informando o cancelamento da Sessão Extraordinária prevista para o dia dezenove de novembro do corrente. Em Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 11/98, por dezesseis votos SIM e oito votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco e Não os Vereadores Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário e Renato Guimarães. Após, foi aprovada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 11/98. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 114/98 e a Emenda nº 01 a ele aposta. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 39/98. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 75/97, por dez votos SIM e nove votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Renato Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Tereza Franco e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, João Dib, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário e Renato Guimarães. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 137/98. Na ocasião, o Vereador Clovis Ilgenfritz assumiu a Presidência dos trabalhos, tendo em vista ser o Vereador Luiz Braz autor deste Projeto. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, discutido pelos Vereadores Elói Guimarães, José Valdir, Pedro Américo Leal, Maria do Rosário, João Dib, Guilherme Barbosa e Isaac Ainhorn. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, os Vereadores Paulo Brum e Clovis Ilgenfritz cederam seus tempos de discussão para o Vereador Elói Guimarães, os Vereadores Adeli Sell e Antônio Losada cederam seus tempos de discussão para o Vereador José Valdir e os Vereadores Isaac Ainhorn, Cláudio Sebenelo, Renato Guimarães e Eliseu Sabino cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Pedro Américo Leal, Maria do Rosário, João Dib e Isaac Ainhorn. A seguir, o Senhor Presidente, face Questão de Ordem do Vereador Isaac Ainhorn, prestou esclarecimentos sobre o “quorum” necessário para a votação e discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98. Às dezessete horas e cinqüenta e sete minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Juarez Pinheiro e Paulo Brum, e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos a Presidência dos trabalhos ao 2º Secretário, Ver. Paulo Brum.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maria do Rosário está com a palavra para um Requerimento.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de ver o Processo, que está em 3ª Sessão de Pauta, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera os limites do Brique da Redenção.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Processo já está chegando e será encaminhado a V. Ex.ª.

Passamos ao período de

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. César Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA está com a palavra, e o assunto para debate é o resultado da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a ação judicial movida pelos Municipários relativamente ao percentual de 27% devido aos mesmos.

 

O SR. CÉSAR PUREZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas Municipários, o SIMPA está duplamente de luto, porque perde um colega no exercício da sua função. Um jovem que, despreparado, estava exercendo a sua atividade e que foi, fulminantemente, executado. E o SIMPA vai responsabilizar a sua chefia direta e o próprio Executivo. Duplamente de luto porque a Administração, até esse momento, não se preocupou em dar o devido aprimoramento a essa elogiável mão-de-obra que, hoje, está numa função dupla, principalmente junto das escolas. Uma proposta pedagógica e, infelizmente, esse funcionário não recebeu o devido treinamento para trabalhar com crianças e adolescentes. Não estamos defendendo o militarismo da guarda municipal, mas reivindicamos junto a Administração Popular, a devida adequação a essa proposta.

Mas, Sr. Presidente, o que nos traz aqui são os 27%, que, na realidade não são 27%. O laudo do Sindicato, que está à disposição da Administração desde maio de 1998 aponta para uma realidade, a de que o Governo nos confiscou, ao longo desse período, nada mais, nada menos, do que 67%. Laudo esse construído sobre uma realidade de arrecadação que subtrai ao longo desses três anos e meio, da receita realmente arrecadada, o real gasto com pessoal, o que nos permite afirmar que, hoje, o gasto com pessoal é inferior a 45%. Portanto, neste triste dia temos, pelo menos, uma boa notícia a dar aos municipários: o Ministro Marco Aurélio de Mello estará assinando, hoje, o Agravo Regimental, ou seja, estará deferindo em favor dos municipários o retorno imediato da política salarial.

Senhores Vereadores, o Sindicato tem sido alvo, por parte da Administração Popular, de uma interferência evidente. E já na segunda-feira denunciávamos, mas temos a consciência tranqüila de que antes de denunciarmos, procuramos encaminhar essa questão administrativamente como tem se pautado esta diretoria. Infelizmente, mais uma vez, a Administração tem tido um desrespeito muito grande com a Entidade, e por extensão, a vocês municipários, e continua praticando uma evidente intervenção no Sindicato. Desconta dos sócios e não repassa para o Sindicato. Temos uma lista de 80 nomes, estaremos denunciando essa situação ainda esta semana. É uma evidente apropriação indébita da receita do Sindicato. Tão grave quanto isso, os sócios fundadores do Sindicato estão sendo desvinculados mês a mês, com a justificativa de que as fichas não estão atualizadas e, portanto, são penalizados porque são fundadores. Remeteremos uma esta Casa esperando que, também, a Comissão de Orçamento e Finanças e a Comissão de Justiça faça prevalecer a prerrogativa desta Casa, a sua total independência, e cobre do Executivo mais esse ato contraditório retroagindo ao período da repressão. Onde fica a liberdade Sindical, que nasceu no meio dessa Administração? Fica comprometida desta forma.

A Administração não tem respeitado os servidores com relação ao direito de insalubridade. A orientação da chefia direta é de que se desconsidere, uma vez que se 50 servidores têm direito, no máximo 5 procurarão a via judicial. Essa tem sido a prática. Os aposentados são tratados como lixo orgânico pela Administração, enquanto os que estão na ativa têm direito a um penduricalho o vale-alimentação, aposentados perdem esse direito. E hoje, graças a intervenções do SIMPA, já temos decisões, inclusive no 2º Grau, reconhecendo o vale-alimentação como complemento salarial. A Administração não tem política para minimizar o imenso número de servidores dependentes do álcool e outras drogas. Critica tantos segmentos, o Governo Estadual, o Governo Federal e, no entanto, não coloca em prática uma política que reduza essa situação, esse gasto. Queremos uma parceria com o Executivo para criarmos uma proposta para esse fim, para reduzirmos essa mão-de-obra, que na realidade está provocando um imenso gasto junto ao Orçamento do Executivo. O segmento dos professores era o único que até então não estava contemplado com a GIT, sendo que até este momento não foi contemplada com o recebimento na folha de pagamento. A GIT que esta Casa aprovou, derrubou o Veto do Executivo e até este momento não foi incorporada aos provimentos dos servidores. Os Senhores sabem que a Subemenda do Ver. Jocelin Azambuja, do SIMPA, subscrita pelo Ver. Carlos Alberto Garcia foi aprovada, portanto, os professores têm direito à GIT. Estamos aguardando que a Administração Popular tenha coragem e faça cumprir esse direito, embora mais uma vez adotando a prática de contemplar vantagens a segmentos isolados, com o único propósito de jogar uns contra os outros. Menos mal que hoje os municipários não se deixam influenciar por essa prática.

No dia 27, a Administração prometeu à SMED, aos professores e funcionários que pagaria, no dia seguinte, os vales-alimentação, e, surpreendentemente, os colegas da SMED não receberam, ou seja, a Administração tem feito promessas. O que nos traz aqui, em um dia tão especial, embora de luto, é termos a certeza de que teremos, hoje, no final da tarde, em mãos, cópia da certidão que nega o último recurso ao Governo Municipal, ou seja, o Agravo Regimental, ato subseqüente dessa Diretoria que é responsável por ter impedido, em 1995, a simples troca da política salarial. Se não tivéssemos alertado os municipários, fatalmente hoje não teríamos a expectativa de recuperarmos, no mínimo, 67% da nossa política salarial.

Portanto, colegas, nós somos os responsáveis, dividindo com a categoria, esse propósito. Quero enfatizar aos municipários que busquem imediatamente o encaminhamento da ação de execução de cobrança dessa dívida, sob pena de só virem a ser contemplados no ano de 2001, porque o prazo para precatórios vai até junho de cada ano. Pois quem não tiver transitada em julgado a sua ação de cobrança da dívida até o ano que vem, ultrapassado esse período, só receberá no ano de 2001, logicamente com juros e correção monetária.

Esperamos urgentemente, senhores Vereadores, que não nos obriguem a encaminhar uma Ação Cautelar para exigir imediatamente a política salarial descumprida. Esperamos que a Administração Popular tenha a coragem e faça cumprir essa política, uma vez que, como o gasto com o pessoal é inferior a 60%, nos garante uma reposição mínima de 11%, conforme a tabela dois. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PT dirige a Prefeitura Municipal já no terceiro mandato. Poder-se-ia pensar que os trabalhadores da Prefeitura estão muito bem cuidados. Pura imaginação, puro desejo, puro sonho. O PT é muito bom para exigir para os trabalhadores de outras entidades que não sejam aquelas sobre as quais eles tenham responsabilidades. Agora, para os seus, não. E a grande política municipária, o salário dos municipários, pode ser fotografada todos os dias, quando o Montepio dos Municipários abre a sua carteira de empréstimos. Os servidores vão para a fila, às 10h, 11h da noite, para serem atendidos no dia seguinte, depois do meio-dia, e abraçam o quarteirão duas vezes. Mas a Prefeitura continua dizendo que tem a melhor política salarial do Brasil.

Em julho de 1991, o Prefeito Olívio Dutra fez retroagir uma lei, tomando do bolso dos municipários o dinheiro que já estava assegurado, no dia 30 de junho. A Lei brasileira diz que só retroage para beneficiar, para prejudicar nunca. Só que, neste caso, o Prefeito esqueceu de tirar, os mesmos 30% que reduziu o poder aquisitivo dos municipários, do seu salário. Três meses depois, tive que alertá-lo e ele devolveu o dinheiro, não posso dizer nada. Ele devolveu, mas tinha recebido a mais.

Em maio de 1995, o Prefeito Tarso Genro faz uma declaração de Ação Direta de Inconstitucionalidade de uma lei proposta por ele e recebe uma liminar no dia 23 de maio. E, outra vez, toma de dentro do bolso dos municipários o dinheiro que já era seu, dos municipários, no dia 30 de abril. Obtida a liminar, ele retroagiu. Não é muito correto isso, mas ele fez e nós silenciamos. Não adiantou um ou outro Vereador reclamar. Caiu a liminar. O que faria alguém que é do Partido dos Trabalhadores e protege os trabalhadores? Diria: vamos pagar, vamos ser honestos, vamos ser corretos, vamos ser honrados. Não, não fizeram isso, continuaram usando todos os recursos possíveis e imagináveis. E dizia o Prefeito Tarso Genro, se tiver que reclamar na ONU, eu reclamo na ONU, mas não pago. Quando caiu a liminar, o honrado, o correto, o lógico, o certo, o decente, o digno, era pagar. Mas, não. Também com os atrasados dos aposentados fizeram a mesma coisa. Quando deu a liminar favorável à Prefeitura, tomaram dos aposentados aquilo que já tinha sido pago contrariando o Estatuto. Alguns servidores municipais receberam 80 ou 90 reais durante dois meses, mas, quando caiu a liminar e o mérito foi dado favorável aos servidores aposentados, ele passou a pagar, mas os atrasados e a quantia que foi tomada inclusive com violência não foi devolvida até hoje. É o Partido dos Trabalhadores!

O Partido dos Trabalhadores a quem perguntei quanto gasta com os municipários mensalmente e me informaram que gastam 32 milhões de reais mensalmente, a informação não está muito clara, o que vale dizer que, ao longo de um ano, são 385 milhões de reais.

O Orçamento da Prefeitura, e não tem outra forma de fazer receitas correntes, dá 800 milhões de reais, mas o Prefeito diz que o SUS não entra no Orçamento. O Tribunal de Contas diz que o dinheiro do SUS é receita corrente e também é despesa corrente e se olharmos as suplementações de verbas sempre tem dinheiro do SUS para pagamento dos servidores municipais. Agora existe o limite da Lei Camata e, de repente, tem que assustar os servidores municipais. Mas, o Prefeito com toda a Lei Camata, com toda a legislação que existe neste País, continua fazendo cartas-contrato. Na segunda-feira mais uma série enorme de cartas-contrato na Secretaria de Saúde contratando monitores a 150 reais, mensalmente, para um período de trabalho de vinte horas. Isso é ilegal, incorreto e contraria toda a preocupação de alguém que diz que a Lei Camata está por aí.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esperamos que o Prefeito Raul Pont tenha um pouco de dignidade e faça cumprir a sentença do Supremo Tribunal de Justiça deste País. Aí eu acredito que o PT é o partido dos trabalhadores. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. TEREZA FRANCO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro um minuto de silêncio em homenagem ao Guarda Municipal Fernando Dias Simões da Silva, que completaria hoje 30 anos, e foi brutalmente assassinado.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Aprovado o seu requerimento, Ver.ª Tereza Franco.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença do Presidente do SIMPA, Sr. César Pureza. Conte, sempre, com esta Casa. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h33min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h34min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3115/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 047/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Monsenhor Máximo Benvegnú.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0847/97 – SUBSTITUTIVO Nº 01 ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/97, ambos de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera a redação da Lei nº 7054, de 28 de maio de 1992. (delimitação do Brique da Redenção)

 

PROC. 3064/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/98, que declara de utilidade pública a Sociedade Beneficente e Educacional São Cristóvão – SBSC.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta de hoje, em discussão, encontra-se o Substitutivo nº 01 ao PLL nº 030/97, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que propõe o aproveitamento de toda pista de rolamento à direita de quem vai da Avenida João Pessoal à Avenida Oswaldo Aranha pela José Bonifácio, onde serão aproveitados esses espaços para o alojamento de mais ou menos trezentos vendedores ambulantes que, no sábado e domingo, poderão utilizar o chamado Brique da Redenção, dando vazão às atividades comerciais, mas, também, contribuindo para o resgate da difícil situação de desemprego em que se encontram o País, o Estado e a nossa Cidade.

O Ver. João Carlos Nedel diz na sua exposição de motivos: “Não logrando a unanimidade em relação a sua ampliação para dentro do Parque Farroupilha, entendemos de propor o presente Substitutivo, alterando a área de abrangência do Brique aumentando-a sem intervir no referido Parque”

Parece-me que esta é uma questão fundamental e que este Projeto torna-se, absolutamente, competente, onde, além do aproveitamento dessa mão-de-obra, não invade e nem coloca em risco o verdadeiro pulmão que se constitui o Parque Farroupilha, o Parque da Redenção, especialmente, a possibilidade de sua depredação pelo uso, pelo vandalismo e pelo próprio desgaste e deterioração decorrente do passeio de um grande número de pessoas em detrimento de outras que vão para lá apenas para praticar educação física, para passear, que o façam de tal forma que jamais, em momento algum, ceda-se à idéia de qualquer tipo de depredação, de prejuízo ou de agressão a uma natureza tão rica, tão bem postada e tão útil à sociedade porto-alegrense.

A nossa preocupação maior sempre se deu em relação a todos os parques de Porto Alegre que, por sinal, estão extremamente carentes de conservação. Uma das propostas seria o compromisso de todos os vendedores ambulantes com a conservação de toda a vegetação e limpeza da Av. José Bonifácio, além da outra calçada, onde ainda não tem vegetação, a do centro e a outra calçada, onde é só passeio e não tem vegetação maciça. Acho muito importante essa troca, Ver. João Nedel.

Se houver a oferta de conservação de uma das mais bonitas e arborizadas avenidas de Porto Alegre, que é a Av. José Bonifácio, onde temos, além do Monumento ao Expedicionário, a tradicional Escola de Cadetes, a tradicionalíssima Capela do Divino Espírito Santo e redutos de aproveitamento por toda a população, pela sua florescente arborização e pela proteção que fornece nos dias calor, indiscutivelmente, nós teríamos um Projeto perfeito. Ver. João Nedel, parece-me fundamental que a concessão desse espaço seja trocado pela conservação do mesmo, pois ganharia a população, ganharia a Cidade de Porto Alegre e os usuários que lá comercializam e compram. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que me traz a esta tribuna é o PLE nº 041/98, que declara de utilidade pública a Sociedade Beneficente Educacional São Cristóvão.

É claro que não há razão para discutir tal tipo de Projeto de Lei, porque será aprovado por unanimidade, sem dúvida nenhuma, mas eu não poderia, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, perder esta oportunidade para lembrar uma extraordinária figura que foi responsável pela criação desta sociedade. Eu estou falando no Padre Roncatto. Para mim, até o fim da sua vida ele foi Padre Roncatto. Ele não gostava mais que assim o chamassem - mas para mim era permitido que o fizesse - porque era Monsenhor Roberto Roncatto, uma figura extraordinária da Zona Norte e que muito contribuiu para o desenvolvimento daquela região.

Conheci o Padre Roncatto em 1963, quando o grande Prefeito José Loureiro da Silva fazia a pavimentação da Baltazar de Oliveira Garcia e lá, no salão paroquial, depois, fez um churrasco àquele extraordinário Prefeito. Ali eu passei a acompanhar e admirar o Monsenhor Roncatto, uma figura extraordinária.

A Exposição de Motivos diz que a referida Sociedade é mantenedora da Escola de 1º e 2º Graus São Francisco, que eram os olhos e o carinho do Padre Roncatto - Monsenhor Roncatto:

“É uma entidade de fins assistenciais e educacionais. Seu objetivo primordial é a educação aos mais carentes, como também auxiliar a população desassistida e proporcionar assistência médica e odontológica. Entre essas atividades destacam-se a cedência de dois prédios, um para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre - para atendimento do SUS - e outro à Brigada Militar - para funcionamento de um posto policial - além de benefícios concedidos a alunos, sob a forma de dispensa de mensalidades ou descontos sobre as mesmas, bem como doações feitas às entidades educacionais de fins filantrópicos.”

Este era o sonho do Padre Roncatto: ser útil à sua comunidade. E aquela área da Cidade, lá na Baltazar de Oliveira Garcia, quase em Alvorada, deve muito a essa figura extraordinária, que foi um padre, foi um amigo, foi um irmão, foi um conselheiro. Todas as vezes que foi solicitado, que foi procurado, tinha uma palavra de conforto, de amizade, de carinho, de solução. E pelo seu trabalho, muitas coisas boas aconteceram - e, por certo, continuarão acontecendo - na Zona Norte da Cidade, porque se ele nos deixou com seu exemplo extraordinário, criou também uma plêiade de seguidores que trabalham da mesma forma que ele na condução da Sociedade São Cristóvão. É por isso que eu ousei usar o tempo de discussão em Pauta deste Projeto, que não tem necessidade de discussão, porque será aprovado por unanimidade.

É claro que entrou em Pauta, porque o Executivo o encaminhou à Câmara; todos os documentos necessários estão aí e nós aplaudiremos a aprovação unânime do Projeto. Meu pronunciamento serve, portanto, como motivo para lembrar essa figura extraordinária que foi o Padre Roberto Roncatto – Monsehor Roncatto. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Renato Guimarães. Pausa. Desiste. Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa. Ausente. Com a palavra o Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, refiro-me a dois projetos de minha autoria, em Pauta neste dia. O primeiro é um Projeto de Resolução que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Monsenhor Máximo Benvegnú, Pároco da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora em Porto Alegre.

O Padre Máximo, que vem há 40 anos prestando imensos serviços à comunidade da Auxiliadora e de Porto Alegre, bem merece esse título, esse agradecimento da Câmara de Porto Alegre em nome de toda a sociedade do nosso Município, porque ele muito fez e muito está fazendo por aquela comunidade que, com a sua liderança e uma equipe de trabalho de, aproximadamente, quatrocentas pessoas, apresenta valoroso auxílio e benefícios a dezesseis vilas carentes e ainda ajuda a manter três creches.

Mas o trabalho maior do Padre Máximo é em cumprimento à sua missão de sacerdote, à grande missão que Cristo ensinou, da evangelização, de levar a mensagem de Cristo a todos, principalmente aos porto-alegrenses.

Por isso, tenho certeza de que esse título será concedido por unanimidade nesta Casa, honraria esta mais do que justa, ao Monsenhor Máximo Benvegnú.

 

O Sr. João Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É inteligente e oportuna a proposição de V. Ex.ª, até porque o Padre Máximo diz: “Salute e pace”, o que demonstra sensibilidade, sem dúvida nenhuma. Gostaria que o DEP também tivesse a mesma sensibilidade e atendesse o problema da Igreja Auxiliadora, que precisa resolver seu esgoto pluvial, e o DEP só prometeu, até agora.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Exatamente, Ver. João Dib, nós bem conhecemos o seu imenso carinho pelo nosso querido Monsenhor Máximo. Sei também do seu empenho, junto ao DEP, para que regularize a situação de alagamento, criada pelo próprio DEP, há 3, 4 ou 5 anos, no Salão Paroquial, da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Esse também é um trabalho comunitário do Monsenhor Máximo, que deverá receber o título de Líder Comunitário, por unanimidade, desta Casa.

Eu gostaria de me referir, também, ao Substitutivo, de minha autoria, que aumenta o Brique da Redenção, que o expande. Foi iluminado pelo Projeto do Ver. Cláudio Sebenelo que entendi que o Brique não deveria se expandir para dentro da Redenção, então, fiz o Substitutivo para que essa expansão se desse na pista de rolamento da Av. José Bonifácio, que não vai impedir a circulação no Parque e irá, principalmente, contribuir para o aumento da geração de renda e emprego de nossa Cidade e para o fortalecimento do nosso turismo e incentivo às artes em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Ver.ª Maria do Rosário está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me inscrevi neste período para discutir o Projeto que o Ver. João Nedel explanou no momento em que esteve na tribuna, e que trabalha com o que o Vereador chama de ampliação do Brique da Redenção. O Vereador propõe que, além do canteiro central, daquele canteiro que foi calçado pela Prefeitura Municipal, onde, tradicionalmente, ficam as bancas do Brique, as bancas do Arte na Praça, as bancas de alimentação, no centro da José Bonifácio, também exista a ocupação de outros espaços com bancas de artesanato, bancas do Brique, enfim, bancas com a comercialização de produtos dentro das características do nosso próprio Brique. E o Vereador propõe que seja utilizada a pista de rolamento da direita, no sentido da Av. Osvaldo Aranha para a Av. João Pessoa.

Quero me pronunciar num sentido crítico à proposta do Vereador, reconhecendo, primeiro, na intenção do Vereador, o desejo claro de enfrentar problemas que são graves, o número de pessoas que, desempregadas, buscam outras alternativas de vida, de sustentação. O artesanato, no Rio Grande do Sul, é uma das nossas marcas, também características, que se relaciona com o nosso próprio desenvolvimento turístico, com a cultura da Cidade. No entanto, fraternalmente, quero dizer ao Vereador que nos parece que a sua proposição não trabalha da melhor forma possível na geração desses empregos, e comprometeria, se aprovada, um dos principais espaços públicos que temos de lazer, de cultura, de comercialização de produtos, de artesanato, pelas características que tem o próprio Brique da Redenção.

Eu tenho opinião, e quero declarar nesta tribuna, que avalia que o Brique da Redenção já esteja no tamanho suportável e possível. A afluência das pessoas, a integração ao Parque da Redenção, o número de pessoas que visita todos os domingos aquele espaço público é tão grande, nos dias atuais, que não é possível nós só concebermos um Brique que tenha, prioritariamente, as bancas. As bancas precisam estar integradas à presença, ao lazer, à cultura, à capoeira, às manifestações culturais que ali são realizadas. Há uma série de ações ali que, paralelamente às bancas, faz com que as pessoas visitem aquele espaço público e faz com que ele seja o que é nos dias de hoje. Numa festa democrática, como foi no período eleitoral, já observamos também a sobrecarga de bancas naquela região. Observamos, também, a sobrecarga de bancas e de comercialização absolutamente ilegal que está ocorrendo ali e sobre a qual tenho me batido e debatido com a SMIC e temos proposição, não legislativa, mas articulada com a sociedade e com os criadores da Cidade, porque não é mais possível permanecermos naquele espaço público com a venda de animais, porque é insalubre, não é correto, não é positivo para os animais, não é positivo para os comerciantes que têm suas bancas devidamente registradas e não é positivo para as pessoas que ali circulam.

Então, ao contrário, Ver. João Nedel, acho que nós precisamos potencializar o Brique, dar ar e a possibilidade de respirar ao Brique cada vez mais. E isso significa valorizar aqueles que estão ali e abrir outros espaços, outros briques, outras praças, em outros parques da cidade, como proponho - digo a V. Ex.as não com iniciativa legal, mas com iniciativa articulada com a SMIC e com a sociedade - uma feira específica para animais com inspeção veterinária.

Acho que é preciso constituir outros espaços públicos em outras regiões da Cidade, e há uma proposição nesta Casa que tramita e que é discutida há muito tempo com base com que existe na realidade, que é o brique aos sábados. E isso é diferente.

Portanto, eu concluo, saudando o Ver. João Carlos Nedel, que refluiu de sua idéia inicial de colocar o Brique para dentro do parque, que seria, confesso, absolutamente errado, permita-me dizer. Mas avalio ainda que o Vereador poderá contribuir com essa preocupação trabalhando para a descentralização do Brique da Redenção e para preservação do atual Brique. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib puxou o debate e eu gostaria de averbar aqui da tribuna a minha palavra acerca do PLE nº 041/98 que declara de utilidade pública a Sociedade Beneficente Educacional São Cristóvão, para trazer também a homenagem a uma figura extraordinária de liderança e de autoridade, que foi o Monsenhor Roncatto, que dirigiu por longos anos a entidade. A última vez que estive com o Monsenhor Roncatto, lá na sua instituição, foi quando do convite que lhe fazia para que colocássemos uma placa com o nome de uma rua, também de uma grande figura - e o Ver. Lauro Hagemann o conheceu -, um homem que atuou muito naquela área, que foi o falecido Coronel Ricardo Leal Teleter, lá do 11º Batalhão, homem muito dedicado em assistir as escolas. Essa foi a última oportunidade em que estive com o Monsenhor Roncatto.

A Zona Norte, toda aquela região das divisas com Alvorada, deve muito a essa eminente figura que foi o Monsenhor Roncatto, quando lá ainda eram campos abertos. Em todas as iniciativas, em todos os movimentos, em todas as lutas o Irmão Roncatto estava, com a sua autoridade de homem de fé, de homem voltado para os interesses da comunidade. Então, quando vem um projeto com este perfil, declarando de utilidade pública a instituição, nós que conhecemos a obra desta eminente figura que foi o Monsenhor Roncatto, não poderíamos ficar silentes em nossas bancadas, e estamos aqui exatamente para trazer a saudação, o agradecimento, enfim, pela oportunidade, pela procedência do presente projeto que declara de utilidade pública essa instituição.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu falo em nome da Bancada do PSDB, também gostaria de, neste instante, homenagear a felicidade do projeto.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço a V. Ex.ª e traduzo a essa figura eminente e, de resto, à própria Sociedade Beneficente de São Cristóvão que ele, com muita dignidade, muito zelo e muita competência, dirigiu. Então fica aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a nossa homenagem a essa grande figura que foi o instituidor desta entidade, desta instituição e àquele que deu contribuição significativa, marcante lá nesta área importante da Cidade que é a Zona Norte e naquela área mais extrema nas divisas com o vizinho Município de Alvorada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

    

O SR. PRESIDENTE: Antes de entrarmos na Ordem do Dia, o Ver. Renato Guimarães solicitou tempo para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que o PLCL nº 012/97 seja colocado para o final, na ordem de votação dos projetos.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Haverá um requerimento, depois, para estabelecer a ordem dos processos, dentre os quais incluiremos o seu Requerimento.

O Sr. Renato Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Comissão de Saúde foi procurada, no dia de ontem, para tratar do assunto que os jornais da Cidade vêm acompanhando, que é o problema dos servidores públicos que trabalham nos Hospitais Presidente Vargas, São Pedro e em outros hospitais da grande Porto Alegre, como Alvorada, Cachoeirinha. É um problema da FUGAST, que é uma fundação com um conjunto de servidores contratados e que cedeu esses funcionários para prestar serviços nesses hospitais públicos. E o problema que a associação desses funcionários nos trouxe é que pelos recursos dessa Fundação, não está sendo feito o pagamento dos salários desses servidores. E o Executivo estadual encaminhou um projeto para a Assembléia Legislativa pedindo uma suplementação de verbas para pagar esses servidores até o final do ano, e esse projeto está tramitando lá na Assembléia. E nos trouxeram essa preocupação, no sentido de que a Casa possa encaminhar à Presidência do Legislativo Estadual uma solicitação para que trate dessa matéria com urgência.

Estamos encaminhando, pela Comissão, essa solicitação ao Sr. Presidente, para que faça um contato com o Presidente da Assembléia Legislativa. Mas também gostaríamos de registrar que já vínhamos fazendo a denúncia de que essa Fundação apresentava problemas com relação aos servidores. Os servidores do Hospital Presidente Vargas já tinham feito esse registro, registro que agora torna-se público. As verbas da Secretaria Estadual de Saúde, como vínhamos colocando aqui, não estavam sendo cumpridas, já que se apresentava um Orçamento na Assembléia que não era executado, e portanto, ficavam esses buracos para serem administrados. E um desses buracos é a FUGAST, é a falta do salário dos servidores desses hospitais.

O mais sério é que em Assembléia esses servidores, ontem à noite, decidiram: ou estabelecer, de forma emergencial, uma saída para o pagamento do salários, ou a paralisação desses servidores. A paralisação desses servidores traria problemas sérios para a saúde da região metropolitana e do Estado. O Hospital Presidente Vargas é um hospital de referência para todo o Estado do Rio Grande do Sul na área materno-infantil. Vejam o tamanho do problema. Solicitamos à Casa que tome uma medida urgente que é fazer um contato com a Assembléia pedindo urgência na votação desse projeto. Se é do entendimento da Assembléia que há um conjunto de projetos importantes para a sociedade, como ocorreu ontem, lá, nós também achamos que existem projetos na Assembléia que são do interesse público e que devem ser votados prioritariamente. Esse é o caso do projeto da suplementação de verbas para a FUGAST.

Saneado esse problema, teremos outro: os funcionários que são contratados. No final do ano, teremos que aprovar um novo convênio com os hospitais para que esses funcionários continuem trabalhando. Faço este alerta para que os Vereadores, neste final de ano, façam uma pressão para que os hospitais como o São Pedro, o Presidente Vargas, o de Alvorada - vimos que a Prefeitura Municipal de Alvorada teve que lutar para abrir o seu hospital e também lutou para conseguir o convênio com essa Fundação -, não passem por esse problema. Dissemos, aqui, que estava na proposta orçamentária do Estado, 2,4%, e que nem isso estava sendo executado, que existiam furos no orçamento. Hoje estamos convivendo com o exemplo prático disso: dificuldades financeiras na FUGAST, a falta de salários para esses servidores e a possibilidade - teremos que lutar para evitar isso - do fechamento, da paralisação desses hospitais. Muito Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Requeiro que os projetos sejam votados na seguinte ordem: PLE nº 007/98, PLL nº 011/98, PLL nº 114/98, PR nº 039/98, PLL nº 075/97, PLL nº 137/98, PLL nº 086/98 e PLL nº 045/97.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Renato Guimarães. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

VOTAÇÃO

 

PROC. 0685/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/98, que altera a ementa e os artigos 1º e 5º da Lei nº 7679, de 19 de outubro de 1995, relativa à associação do Município à Instituição Comunitária de Crédito - PORTOSOL.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto.

           

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 007/98. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por que não apoiar o Projeto de Lei do Executivo, que altera a Lei que criou a Instituição Financeira Comunitária de Crédito PORTOSOL?

São muitas as razões. A primeira, no meu entendimento, é que o Executivo já implantou a Instituição Financeira PORTOSOL em prédio proibido pelo Plano Diretor. Na época, fiz um bilhete de amigo para o Prefeito Tarso Fernando Genro, dizendo que era uma irregularidade colocar a Instituição Financeira PORTOSOL no local em que foi colocada, o que não seria permitido para outra entidade que não fosse essa em que a Prefeitura tinha parte.

E por falar em parte, se a Prefeitura de Porto Alegre colocou 700 mil reais dos porto-alegrenses na Instituição, ela deve tratar, e bem, os porto-alegrenses e não os moradores da área metropolitana, por mais respeito que nos mereçam.

Eu não tenho culpa se a instituição financeira PORTOSOL é mal gerida. Eu não tenho culpa se as condições com que oferece os seus trabalhos, as suas possibilidades de financiamento não são as melhores. Eu não tenho culpa se ela age como uma instituição financeira daquelas que nós tanto criticamos aqui. O juro é elevado. Parece que andaram baixando, mas, agora, me informam que subiu. Então, na realidade, o problema é má gestão.

É o Prefeito que diz - e eu sou um homem que sempre respeita o Prefeito Raul Jorge - que, no período inicial da operação do Programa, desde janeiro de 1996, cinco mil pequenos empreendimentos da Capital se beneficiaram, com valor médio contratual de mil e seiscentos reais, perfazendo um volume total, emprestado, na ordem de sete milhões e meio de reais. “As taxas de inadimplência observadas dentre a clientela da instituição são reduzidas. E a taxa de renovação de crédito encontra-se em aproximadamente 70%.” E, aí, o Prefeito se contradiz. Se cinco mil contratos foram feitos e 70% são renovação, nós chegamos à conclusão que apenas três mil pessoas foram atendidas pela instituição financeira PORTOSOL, o que dá uma média de 120 atendimentos mensais.

Ora, ou os discursos do PT estão completamente errados, equivocados ou são até mentirosos, porque dizem que toda a população, todos os pequenos e microempresários estão na miséria, ou, então, o dinheiro da Prefeitura não está servindo aos interesses do pequeno e do microempresário, porque, ao longo do tempo, 120 pessoas, físicas ou jurídicas, procuram a instituição financeira PORTOSOL. É o Prefeito quem afirma isso. Eu não tenho como medir, mas não vou duvidar do Prefeito Raul Jorge, e se ele disse, é verdade. Então, uma instituição que está atendendo a cento e vinte porto-alegrenses por mês está mal organizada, mal estruturada e precisa, para seu crescimento, atender melhor, dar melhores condições, e não buscar incautos fora da área porto-alegrense. Não é esse o caminho da instituição financeira PORTOSOL.

Eu perguntava: por que negar a aprovação do Projeto? Pelas razões enunciadas, mas, especialmente, porque a instituição financeira, que se instalou ilegalmente no prédio, contrariando o Plano Diretor, atende a apenas cento e vinte pessoas físicas e jurídicas por mês.

Portanto, espero que haja absoluta maioria para a rejeição da pretensão prefeitural, e que possamos fazer do PORTOSOL uma instituição para os porto-alegrenses. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o PLE nº 007/98.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, penso que, no debate que travamos na última Sessão, salvo melhor juízo, do ponto de vista da legalidade e da constitucionalidade, a matéria foi desinçada daqueles aspectos que contra ela se poderiam colocar, no que respeita à sua conformação de legalidade, pelo fato de incorporar outras pessoas jurídicas que não circunscritas ao Município de Porto Alegre. Acredito que se trata de uma entidade privada, embora, naquela oportunidade, sustentarmos tratar-se de uma entidade híbrida, porque o Poder Legislativo e o Poder Executivo atuam na sua formação e na sua formulação de políticas.

Quando passava por mim, o Ver. João Dib falava em instituição financeira, não é instituição financeira, não é economia mista, não é empresa pública, não é autarquia, mas é uma instituição que está dentro do preceito constitucional, que manda que a lei estimule o associativismo e não a disposição constitucional. Parece-me que esses aspectos preliminares, na questão da juridicidade, estão, todos eles, devidamente saneados, a menos que se traga algum argumento, que ainda não foi trazido, Ver. Lauro Hagemann, para que se reexamine a questão. É uma entidade onde o Município participa, não é do Município, é uma entidade que quer se abrir para aquilo que chamamos a atenção na oportunidade anterior, que é o fenômeno das regiões metropolitanas, da conurbação que se dá, hoje, nas regiões onde os interesses são intercambiados, onde há uma reciprocidade de interesses, trabalha-se aqui, mora-se lá e vice-versa. As relações jurídicas, as relações interpessoais, que vão se travando, fazem com que os limites físicos, até diria jurídicos, dos municípios passa a ceder a novos enfoques.

Quanto ao mérito, não temos, essa é a grande verdade, a menos que tragam aqui para a tribuna uma instituição que atenda esses segmentos singelos e modestos da economia, os pequenos segmentos. O esforço da política de Porto Alegre, independentemente de uma visão de partido, Ver. João Carlos Nedel, é a longa “manus” da Administração, levando a possibilidade a pequenas atividades de ter um recurso que não sobrecarregue o erário porque adota, na minha opinião, políticas que não fazem nenhuma benemerência com o dinheiro público, trabalham nas bases do mercado e não fazem nenhuma generosidade com o dinheiro colocado pela Prefeitura, ou por outros órgãos, que dela, daqui para a frente, poderão participar. Não vejo por que não abrir a possibilidade para que se dilate o âmbito da referida entidade.

É bom que se frise que é uma instituição que foi criada no Município de Porto Alegre e que teve a contribuição, a parceria do Executivo e da Câmara. Lembro das discussões que fazíamos sobre o PORTOSOL, lá na Comissão de Constituição e Justiça, quando se examinava a matéria. Tivemos oportunidade de chamar representantes de instituições financeiras, como do Banco Central, fizemos um longo debate, Vereador Nedel, com a preocupação da legalidade. Então, neste sentido, o PDT encaminha favoravelmente à matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt encaminha, pela Bancada do PSDB, o PLE nº 007/98.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, eu gostaria de dizer que ontem o Ver. Antonio Hohlfeldt recebeu a láurea de doutorado em Literatura, na FAMECOS, da PUC. Parabéns para o Ver. Antonio Hohlfeldt. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: É motivo de orgulho para esta Casa ter, entre nós, o Doutor Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Na qualidade de seu colega, porque V. Ex.ª está chegando ao Doutorado agora, pois eu já o tenho, fico muito satisfeito em vê-lo galgar a situação de Doutor em Teoria da Literatura. Parabéns.

 

O SR. ANTONIO HOHFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não estava no “script” esta intervenção do Vereador Sebenelo. Quero agradecer aos companheiros pelo registro.

Bem, companheiros, na minha função de Vereador, antes de doutor, de professor ou de estudante, quero encaminhar este Projeto em nome da Bancada do PSDB, dizendo que, ao contrário de outros companheiros Vereadores, a nossa preocupação com a proposta deste Projeto é no sentido de que, segundo o nosso entendimento, a aprovação deste Projeto faz com que a Entidade denominada PORTOSOL, usurpe, duplamente, funções que não lhe compete. A observação pretensamente positiva do nobre Ver. Elói Guimarães que dizia que a entidade não vai fazer benemerência, que a entidade vai usar taxas de mercado. Se a entidade vai usar taxas de mercado, isso está correto, Ver. Elói Guimarães, tempo atrás o Ver. Isaac Ainhorn anunciava que as taxas estavam acima do mercado, não há porquê o PORTOSOL atuar no mercado. A função bancária pertence a instituições privadas, não tem porquê ela ser ocupada por área pública, nós já temos instituições bancárias suficientes, inclusive temos bancos federais e estaduais, não tem porquê haver mais um banco municipal. Se essa entidade trabalhasse com taxas reduzidas, talvez tivesse uma função social, mas, se trabalha com taxas de mercado, ela é mais uma entidade a competir com outras, não tem porquê o poder público entrar nisso, não há justificativa de ampliarmos essa atividade.

Por outro lado, se ela não tem taxas sociais, não está ajudando e está sendo mais uma entidade a explorar aqueles que, eventualmente, vão necessitar dos seus empréstimos. De novo, nós não temos lógica para ampliarmos as atividades do PORTOSOL.

A questão que mais me preocupa: não me consta que o PORTOSOL tenha sido, em qualquer momento, fundado para atuar como área metropolitana, como abrangência metropolitana, ela sempre foi uma instituição municipal. A Prefeitura de Porto Alegre é municipal e age no âmbito de Porto Alegre. No meu entendimento, nós estamos cometendo, na aprovação deste Projeto, uma heresia jurídica que, obviamente, vai ter conseqüências. Qualquer cidadão comum, descontente com esse Projeto, uma vez aprovado e transformado em lei, vai fazer aquilo que lhe compete: entrar no Judiciário e fazer a discussão no Judiciário. Não compete à Prefeitura de Porto Alegre ter uma instituição que avance sobre um território que não lhe pertence, é diferente o Estado do Rio Grande do Sul, aliás conquistado pelo Partido dos Trabalhadores, poderia esperar um pouco mais e poderia fazer esse mesmo tipo de entidade nos moldes do PORTOSOL em nível estadual ou em nível metropolitano, está aí a METROPLAN para ser acionada e ampliada nas suas funções.

Eu não quero discutir a questão do mérito da instituição, o que eu discuto é que jurídica e formalmente não há como juridicamente nós darmos cobertura a uma decisão desse tipo, uma entidade nitidamente municipal passar a atuar além dos limites do Município. Esta não é decisão apenas político-administrativo, esta é, evidentemente, uma decisão político-partidária, é a tentativa do Partido dos Trabalhadores de ampliar em alguns casos, em outros de solidificar e, em outros ainda de ocupar espaços na Grande Porto Alegre, dentro de uma estratégia político-partidária que visa a eleição de 2.000, que visa a eleição de 2002. Que isso fique registrado, que se assuma esse tipo de estratégia e não se venha com outras desculpas. Que se tenha pelo menos a transparência, a objetividade de dizer que é uma estratégia político-partidária. Eu posso gostar, posso não gostar, ela está traçada pelo Partido, pela Administração. Mas não se faça discurso de benemerência, ou de contribuição, ou de auxílio a outros municípios. Isso não existe. Nós nunca vimos isso entre nações. Nós também não vamos ver isso entre estados ou entre municípios.

No jogo político existem interesses, o que nós estamos aqui discutindo são interesses. Interesses da Administração Municipal, a cargo do Partido dos Trabalhadores. Que se assuma isso. Não se tergiverse, não se fique com meio discurso. Nós somos contrários a esta proposta. Primeiro, pelos motivos político-partidários; segundo, pelos motivos estritamente legais que, no nosso entendimento, realmente, vai se usurpar um Poder Municipal, pretendo se invadir áreas e regiões de outros municípios. O Judiciário vai acabar decidindo sobre a legalidade ou não. Eu, particularmente, nas consultas que fiz, estou absolutamente convencido de que não tem amparo legal. Independentemente do que a Procuradoria do Município disse, independente do que a Comissão Jurídica desta Casa diz, não há amparo legal e quando cair no Judiciário nós vamos ver quem tinha razão. Portanto, contrário à proposta em pauta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra, pela Bancada do PPS, para encaminhar o PLE nº 007/98.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Antonio Hohlfeldt encerrou seu discurso dando as razões da Bancada do PSDB para a não aprovação do Projeto. E disse, com todas as letras, todos ouviram, que são razões de ordem político-partidária. Então não há nenhum elemento jurídico de mérito para embasar essa rejeição.

Eu ouvi, pacientemente, desde segunda-feira todo o desfile de argumentos a respeito deste Projeto. Já tinha essa convicção quando foi aprovado o Projeto original e agora estou tendo a convicção reforçada: a Instituição Comunitária de Crédito PORTOSOL, não é um banco! É uma nova concepção de entidade creditícia que visa fomentar a produção dos mais desassistidos, que não têm condições de ir a uma banco tradicional, formal, como é o Banco do Rio Grande do Sul, por exemplo, já que se trata de banco estatal para conseguir esse crédito. São créditos pequenos. Então, sob esse aspecto, sob o aspecto jurídico, formal de banco, de instituição creditícia, não há o que discutir.

Parece que está havendo uma grande confusão a respeito disso. O Ver. Elói Guimarães já tinha definido bem, discernido bem o que é uma coisa e o que é outra. Então o PORTOSOL não um banco, é uma instituição de crédito comunitária e, outra coisa, a sociedade rio-grandense especialmente é muito reacionária quando se trata de enfrentar coisas novas, e o PORTOSOL é uma coisa nova. Estamos assistindo ao nascimento de uma coisa nova. Nova num sentido amplo, genérico! Aqui muita gente gosta de elogiar o exemplo dos Estados Unidos, lá este tipo de instituição é comum e lá se chama banco, Banco Comunitário, às dezenas, às centenas, para este tipo assistência econômica-financeira.

Então, por favor, Sr. Vereadores, vamos assumir com toda a clareza a posição de oposição a uma situação; uma oposição político-partidária. E reforçando o ponto de que o PORTOSOL não é uma instituição da Prefeitura de Porto Alegre. A Prefeitura de Porto Alegre entra na composição do PORTOSOL, como entram outras instituições e outros municípios, se quiserem. Então, a Prefeitura de Porto Alegre não está patrocinando nenhuma invasão de Canoas, de Esteio, de Sapucaia, de quem quer que seja. Está abrindo para os pequenos comerciantes desses municípios, a possibilidade de gozarem desses pequenos créditos. A questão dos juros, do mercado é uma questão de cada um. Existem outras instituições bancarias que podem até bancar juros menores e aí o interessado vai disputar isso à base de mercado. Por favor, Senhores, vamos colocar os pingos nos “iis”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar o PLE nº 007/98, pela Bancada do PT.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, finalmente, depois de um ano de debates, de conversas de bastidores, de freqüentes visitas de pessoas, dirigentes do nosso PORTOSOL, ou da nossa Instituição Comunitária de Crédito PORTOSOL, à Casa, nós chegamos nesta quarta-feira à votação.

Eu quero fazer um apelo veemente a todos os Vereadores desta Casa e gostaria de chamar a atenção especial de todos os que estão aqui, nesta tarde, eu tenho certeza que também a população de Porto Alegre está atenta. Está atenta porque nós temos de fato, como disse o Ver. Lauro Hagemann, uma novidade. Uma novidade nesta Cidade que é uma instituição que beneficia os pequenos, o microcrédito, hoje, completamente inacessível para aqueles que necessitam, aumentar, manter, arejar, fazer avançar o seu projeto que gera renda, que garanta o trabalho para tantas e tantas pessoas que são as pequenas atividades comerciais de serviços e até industriais. Eu tenho a plena convicção de que aqueles que argumentam que nós estaríamos ajudando outros municípios com o dinheiro público de Porto Alegre, já foi dito objetivamente que nós estamos diante de uma instituição que não é da Prefeitura. A Prefeitura fez um aporte financeiro, sim, ajudou essa instituição, tem uma relação, tem um poder muito grande, evidentemente, diante desta instituição de crédito, mas quando Canoas, dirigida pelo PTB; quando Canela, dirigida pelo PDT; quando Esteio, dirigida pelo PSB; quando Alvorada e Viamão, dirigidas pelo PT; São Luiz Gonzaga me diz o Ver. João Carlos Nedel, se interessam, bom, se há esse interesse significa que também as prefeituras vão buscar aporte, que vamos buscar, sem dúvida nenhuma, espraiar esse crédito para a Região Metropolitana e outras cidades, vamos fazer com que o dinheiro que está disponível hoje na instituição tenha um giro maior, inclusive beneficiando a própria população de Porto Alegre, porque, como já se disse, não se trata de um banco, mas de um fundo, em que houve um aporte do poder púbico, em que houve um aporte do Governo do Estado, de uma instituição alemã e de empreendedores privados aqui do Rio Grande do Sul.

As pessoas pagam juros para corrigir a defasagem que existe em nosso dinheiro, porque a questão dos juros no PORTOSOL é nominal, diferente das taxas e de dinheiro que, apesar de receber dinheiro em algumas dessas instituições, que estamos vendo que os pequenos não têm acesso, parte deste dinheiro fica no banco. Então, o nosso juro é menor do que na maioria das instituições, que privilegiam, segundo seu discurso, o pequeno e o médio empreendedor. Aqui, inclusive, a fiança é solidária, porque o pequeno, que busca financiamento em outras instituições, não consegue, porque, na verdade, ele tem que provar que ele não precisa do dinheiro para que ele possa receber o dinheiro. Essa é a contradição. Aqui não, na Instituição Comunitária de Crédito PORTOSOL nós temos a facilitação do acesso ao crédito.

Inclusive, num processo realizado em parceria com a Prefeitura Municipal, noventa e oito feirantes do Hortomercado da Praça Parobé receberam financiamento. Ontem, tivemos uma discussão na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, onde as pessoas que vendem lanches nas ruas, nas “vans”, nos colocaram se não haveria a possibilidade deste financiamento para este tipo de empreendimento, e vamos verificar essa possibilidade junto à Instituição Comunitária PORTOSOL. Ou seja: temos a possibilidade de manter viva, atuante, dinâmica, moderna, uma instituição que, de fato, consegue microcrédito para aqueles que necessitam manter seus empreendimentos, aumentar seus empreendimentos, gerar renda, conseguir trabalho para mais pessoas.

Com esse projeto estamos oportunizando, na Região Metropolitana, que mais pessoas usufruam do dinheiro e, depois, devolverem, porque não há inadimplência no PORTOSOL. São pequenos créditos que são colocados na mão de pessoas responsáveis, que cuidam diretamente de seus empreendimentos; esse dinheiro tem voltado para os cofres do PORTOSOL e esse fundo tem sido rotativo, garantindo benefícios para a sociedade de Porto Alegre e, agora, para a Região Metropolitana. Eu tenho certeza que as Sr.as e os Srs. vão aprovar o Projeto. Muito obrigado.

  

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria da Ver.ª Anamaria Negroni solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença da Ver.ª Anamaria Negroni, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, eu acabo de chegar e gostaria de tomar posse.

 

O SR. PRESIDENTE: Automaticamente V. Ex.ª está empossada e o Ver. Gilberto Batista volta à condição de Suplente.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o PLE nº 007/98.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos com as posições muito bem colocadas da tribuna, em que as divergências já têm até as suas delimitações. Eu digo sempre que sou uma pessoa fácil de ser convencida e aguardei todo esse tempo para que ocorresse o convencimento a respeito da superação das minhas dúvidas, as quais, infelizmente, não foram respondidas.

Eu continuo, malgrado às belas manifestações ocorridas na tribuna, especialmente do meu amigo Ver. Elói Guimarães, com a minha dúvida principal e que deixa de ser dúvida e se encaminha para uma certeza. Diga-se o que quiser, que o banco não é banco, que o crédito não é crédito, que a fiança é solidária ou não. Todas as operações que aqui se faz são operações em que de um lado alguém empresta dinheiro e de outro lado tem alguém que toma dinheiro. Se isso não caracteriza uma operação bancária, não sei o que é que vai caracterizar uma operação bancária.

Se não é uma atividade bancária no sentido estrito da palavra é no sentido amplo, pois o que o banco faz é pegar dinheiro de alguns, jogar um plus em cima e repassar para terceiros, essa é a atividade bancária característica, esse é um financiamento bancário.

O que ocorre aqui é que tiramos recursos do erário público, colocamos numa entidade que empresta para terceiros. Crédito solidário ou não é uma operação de empréstimo devidamente caracterizada.

E o meu entendimento é de que a autorização que nós concedemos ao Município de Porto Alegre para se integrar-se nesta Associação com essa finalidade, e que além de se integrar aportou recursos que são públicos, que são recursos do contribuinte do Município. O meu entendimento, é que a minha competência termina no momento em que eu retiro da autorização aquelas cláusulas asseguratórias de que o Município de Porto Alegre iria participar de uma entidade de atuação nos limites do Município de Porto Alegre.

Se antes de votar essa autorização eu soubesse dessa preliminar de que não era para entrar no Município de Porto Alegre e se estender, como já foi dito aqui, até quem sabe a São Luiz Gonzaga e na marcha que vai, vai chegar até na minha Quaraí, eu não tinha votado favoravelmente à integração do Município nesta Associação, porque não acho que o contribuinte de Porto Alegre tenha que gerar meios pelos quais se resolva o problema em outras municipalidades.

Os recursos de Porto Alegre - e eu fico até surpreso de ouvir essas justificativas do PT que é tão cioso no discurso na defesa do recurso público -, é a mesma coisa se nós pegássemos recurso brasileiro e fôssemos resolver problemas no Uruguai, na China ou em qualquer outro lugar. Não. Os recursos de Porto Alegre, até que me provem ao contrário, Ver. Lauro Hagemann, são para resolver problemas na Cidade de Porto Alegre.

Como não fui demovido dessa minha postura, pelos inteligentes e ajuizados pronunciamentos que eu ouvi aqui da tribuna, eu encaminho meu voto e o meu voto é na defesa, inclusive, da legalidade dos meus atos. Eu não tenho direito, como Vereador de Porto Alegre, de dar uma autorização ao Município para que ele promova um ajuste para entidades, as mais meritórias que sejam, para que essas apliquem os recursos do contribuinte municipal em qualquer ponto do Rio Grande, nem na minha Quaraí, nem na minha querida Capão da Canoa, nem na São Luiz Gonzaga do ilustre Ver. João Carlos Nedel, nem tampouco na nossa querida Santo Antonio da Patrulha. Não há condições. Por maior esforço que eu queira fazer no sentido de tornar elástica qualquer interpretação, ela esbarra no principal. Nesta Entidade em que o município é associado existe recurso do contribuinte de Porto Alegre e o recurso do contribuinte de Porto Alegre é para ser utilizado em favor do Município de Porto Alegre e não de qualquer outro, por mais meritória que seja esta atitude.

Por tudo isso, Sr. Presidente, conforme já tinha me posicionado anteriormente, ainda que eu possa antever que a posição em contrário possa lograr êxito, me parece que esse é o caminho que se desenha pelas manifestações já ocorridas, ainda que eu possa admitir isso, vou ficar com aquilo que o meu entendimento, a minha consciência, o meu modo de ver esse processo todo determina. Os recursos de Porto Alegre são recursos canalizados do contribuinte porto-alegrense, que devem sob o ponto de vista legal e ético ser utilizado em favor dos munícipes nos limites do seu território, fora disso é qualquer outra coisa que não a política de bom senso, de proteção dos recursos públicos dessa comunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar o PLE nº 007/98 pela Bancada do PMDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi atentamente a discussão da matéria desde a Sessão de segunda-feira, agora, mais ainda, nos encaminhamentos das bancadas, e alguma coisa me chamava a atenção, quando na alteração do art. 2º desse projeto, nós eliminamos a expressão “Município de Porto Alegre”, o que faz com que a instituição de crédito PORTOSOL possa trabalhar em qualquer lugar do Estado do Rio Grande do Sul, em qualquer lugar do Brasil. Diz ali que não fica restrito a Porto Alegre, está-se dizendo aqui que vai estender suas atividades na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Agora, Ver. Renato Guimarães, o que eu estou votando não é isso, o que eu estou votando diz que não é restrito somente a Porto Alegre. O Ver. João Carlos Nedel, que é um homem que estudou a matéria, me dizia: “Ver. Záchia, quem sabe vão operar em Belém do Pará, quem sabe vão operar em Erexim, quem sabe vão operar em Caxias.” Porque o que nós estamos votando, e este Vereador tem a preocupação de votar a matéria que vem para ele votar, quando dizem, paralelamente, que vão estender para a Região Metropolitana, e na documentação diz que “não fica mais restrito a Porto Alegre”, este Vereador tem dificuldades muito grandes de votar favoravelmente à matéria.

Estamos alterando o art. 2º, é bem claro. Diz no art. 2º: “Altera a redação do art. 1º na Lei nº 7.679”. O art. 1º da Lei nº 7.679 diz: “...no âmbito do território municipal.” Mas no projeto não diz. Se a idéia é essa, se a expectativa é essa, se estão pensando em fazer isso, o Ver. Záchia está votando isto aqui, estou-me restringindo à matéria do projeto. E vejo com muito bons olhos, sempre fui um defensor da instituição de crédito PORTOSOL, jamais discuti se o juro é mais caro, se o juro é mais barato, porque me parece que é uma instituição que permite ao pequeno empreendedor, que permite àquele que tem dificuldades cadastrais, dificuldades de chegar num banco maior para conseguir dinheiro, essa instituição facilita para que ele possa conseguir recursos e fazer o seu negócio.

Mas eu quero, e vejo com muito bons olhos, é que a instituição de crédito PORTOSOL cada vez mais prospere, cresça, se desenvolva em Porto Alegre. Entendo que ainda em Porto Alegre temos um grande número de pequenos empreendedores, de pessoas que têm a disposição e a vontade de fazer um empreendimento e não têm acesso aos bancos, não têm acesso a essas instituições financeiras e, talvez a instituição de crédito PORTOSOL seja a única maneira de poderem ir buscar recursos para fazer o seu empreendimento. Ora, vamos possibilitar que essa instituição de crédito possa operar em outros municípios, mesmo que, no desenrolar do processo, possa trazer, no futuro, vantagens aos empreendedores de Porto Alegre. Num primeiro momento, eu ainda penso naqueles diversos pequenos empreendedores, o pequeno comerciante que quer fazer o seu negócio e não tem acesso. Vamos concentrar toda essa potencialidade, essa disposição, esses recursos, essa vontade de trabalhar para o Município de Porto Alegre. Nós, Vereadores de Porto Alegre, temos que ter um cuidado específico pela Cidade de Porto Alegre. E este projeto, para mim, é extremamente amplo na medida em que tira a limitação do nosso município e deixa aberto todo o Estado e, quem sabe, todo o País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Aviso aos Srs. Vereadores que amanhã, dia 19, teremos, às 14h30min, uma Sessão Extraordinária para votação de projetos neste Plenário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de perguntar a V. Ex.ª se é possível, ainda, apesar da sua convocação, que é soberana, reorganizar essa possibilidade de horário. E pergunto se realmente, votando vinte e cinco projetos na semana passada, permanecemos ainda com a pauta em atraso.

 

O SR. PRESIDENTE: Ainda estamos em atraso. Temos duas Sessões Extraordinárias que deverão ser feitas, uma no dia 19 e, outra, no dia 24 com a intenção de podermos aliviar a pauta de votação.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu não quero contestar a Mesa quanto à marcação dessa Sessão, ela estava marcada, quero deixar isso bem claro, num primeiro momento da Questão de Ordem. Eu também tenho, um pouco, a mesma preocupação da Ver.ª Maria do Rosário. Quero esclarecer bem que eu já tinha, até antes, compromissos, vou faltar amanhã e estou sentindo que outros Vereadores também irão. Gostaria de sugerir, Sr. Presidente, não querendo cancelar, mas, talvez, buscando um outro dia, seria bom que a Mesa verificasse se nós teríamos quórum porque ficaria ruim, evidentemente, ter a convocação extraordinária. Quero reafirmar que não estou contestando a posição da Mesa, a qual está apenas cumprindo uma coisa que foi decidida, mas V. Ex.as sabem que a nossa vida é bastante dinâmica, nós tivemos essa semana uma dedicação grande ao Plano Diretor. Eu tive que postergar alguns compromissos para outros horários, as coisas acumularam.

Então, sem contestar, se houver a Sessão, eu vou me licenciar, formalmente, para tratar de assuntos de interesse para abrir espaço a outro companheiro, mas talvez, deva-se considerar a situação colocada pela Ver.ª Maria do Rosário - e eu vi que o Ver. Carlos Garcia também tem essa preocupação. São lideranças diferentes que talvez estejam sinalizando uma possibilidade de reavaliarmos isso, até com essa perspectiva levantada pela Ver.ª Maria do Rosário de que nós votamos bastantes projetos e, talvez, pudéssemos deixar garantida a sessão de terça-feira que vem e reexaminarmos a data da segunda Sessão.

Então, a título de colaboração, Ver. Luiz Braz, deixando bem claro que a Mesa está encaminhando aquilo que foi decidido, eu não tenho nenhuma contestação a isso, estou apenas sentindo que, no correr das coisas, mudou um pouco o panorama e existe a possibilidade de corrigir, no sentido de garantir sempre a integridade da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, dada a manifestação da Ver.ª Maria do Rosário, bem como de V. Ex.ª, este Presidente tem a incumbência de tomar decisões da Mesa e de cumpri-las, vai submeter a questão amanhã à Mesa. Nós temos dois dias marcados: 19 e 24. Esta Presidência cancela a Sessão Extraordinária marcada para amanhã e a confirma para o dia 24 do corrente, a qual já está marcada para que nós possamos nesse dia aliviar a pauta de votação. Cancelamos, então, a reunião de amanhã, para que todos os Srs. Vereadores possam se reorganizar nos seus compromissos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu encaminhei à Mesa uma solicitação de Licença de representação no dia 24/11. E quando eu encaminhei e foi aprovado, em que pese não ter ônus para a Casa, não sabia que haveria votação. Então, não poderei estar. É uma questão da nossa Bancada. Quero perguntar se, mesmo representando, poderá haver substituição.

 

O SR. PRESIDENTE: Esta decisão foi tomada numa reunião de Mesa e lideranças, quando foram escolhidos os dias para as Sessões Extraordinárias. A de amanhã, concordo com V. Ex.ª que está muito em cima, os Vereadores terão problema para se organizar.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): É possível saber com antecedência quais os projetos a serem votados? V. Ex.ª tem a relação dos processos?

 

O SR. PRESIDENTE: Todas as Sessões Extraordinárias têm que vir com processos em pauta. Estou recebendo do Sr. Secretário esses processos, que serão os mesmos da ordem do dia, é apenas com sentido de aliviar a Ordem do Dia.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós estamos assoberbados com a questão do Plano Diretor, inclusive haverá votação na Comissão Especial dos relatórios finais. Então, desejo perguntar à Mesa, ao mesmo tempo, requerer, pois temos que votar até dia 15 de novembro, o Orçamento, que é peça importantíssima e há prazo estipulado.

Não estive presente nesta reunião de lideranças. A Mesa fez um organograma de outras reuniões necessárias para exaurir a questão do Orçamento junto com a recuperação de processos que estão atrasados durante o período de eleições e que precisam de votação? Há esse calendário estabelecido ou só essa Sessão Extraordinária está prevista?

 

O SR. PRESIDENTE: Com o cancelamento da Sessão de amanhã, fica estabelecida apenas a  do dia 24. Se houver necessidade de novas reuniões, o Plenário será comunicado com antecedência, pois passará por reuniões de Mesa e Lideranças que pretendemos continuar fazendo até o final do nosso período na Presidência.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Quero que V. Ex.ª entenda que não é intromissão nas questões da Mesa, mas como também apertamos o nosso calendário da Comissão Especial, vai haver dias, por exemplo, como 09 e 10 de dezembro, quando teremos que votar o relatório final da Comissão, quando nós também seremos muito exigidos. Se houver outra necessidades de Sessão Extraordinária, solicito que sejamos previamente consultados, para não sobrecarregar a nossa Comissão Especial.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu queria colocar que esse acerto feito entre componentes da Mesa e Lideranças para essas datas de 19 e 24, numa quinta-feira e numa terça-feira, quando haveria essas Sessões Extraordinárias, com o sentido de se retirar uma sobrecarga da Ordem do Dia que ficou acumulada ao longo do ano, e que isso nós faríamos ainda no mês de novembro, num esforço concentrado, para evitar que o mês de dezembro, que se avizinha como bastante pesado com a conclusão dos trabalhos já previstos da Comissão do Plano Diretor, até com a pretensão do início da votação do Plano Diretor, não viesse, ao final, ser obstáculo para a realização da programação normal da Casa.

Por isso quero dizer a V. Ex.ª que tenho que me curvar à sua decisão conciliatória de cancelar essa Sessão marcada para o dia de amanhã. Porém, quero dizer que a mesma foi, desde o início do mês de novembro, prevista para ser realizada na data em que V. Ex.ª estava anunciando. É apenas um lembrete no sentido de reafirmar uma disposição, anteriormente estabelecida, que tinha esse condão de eliminar, ainda no mês de novembro, o excesso de matéria que sempre sobrecarrega a Ordem do Dia nos quinze dias de dezembro.

 

O SR. PRESIDENTE: Agradeço a sua explanação, Ver. Reginaldo Pujol. Em votação nominal por solicitação do Ver. Isaac Ainhorn, o PLE nº 007/98. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 17 votos SIM e 13 votos NÃO.

 

VOTAÇÃO

 

PROC. 0525/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 011/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que autoriza o Executivo Municipal a implantar placas de sinalização indicativa de rotas alternativas em casos de alagamentos nas vias públicas de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Guilherme Barbosa: pela rejeição do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Gerson Almeida: pela rejeição do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Juarez Pinheiro, o PLL nº 011/98. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 16 votos SIM; 08 votos NÃO.

Em votação a Emenda nº 1 aposta ao PLL nº 011/98.  Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2399/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui, no âmbito municipal, o Dia da Comunidade Luso-Brasileira e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CECE. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral o PLL nº 114/98. (Pausa.) Encerrada a discussão.  Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação Emenda nº 01.  Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2614/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/98, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o prêmio artístico Lupicínio Rodrigues ao Conjunto Nenhum de Nós.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 039/98. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.  (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1324/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a campanha permanente de incentivo à arborização de ruas, praças e jardins da Cidade e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. João Dib: pela rejeição do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Pedro Ruas: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Décio Schauren: pela rejeição do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Renato Guimarães: pela rejeição do Projeto.

 

Observações:

- discutiram a matéria os Vereadores: A. Sell, C. Martini, J. Azambuja, R. Pujol e R. Guimarães;

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 075/97. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.  (Pausa.) O Ver. Renato Guimarães solicita votação nominal.  (Após a chamada.) APROVADO por 10 votos SIM; 09 votos NÃO.

Solicito que o Ver. Clovis Ilgenfritz assuma a Presidência, tendo em vista ser de minha autoria o próximo Projeto a ser examinado pelo Plenário.

 

(O Sr. Clovis Ilgenfritz assume a Presidência.)

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2771/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 137/98, de autoria do Ver. Luiz Braz, que inclui o “Dia dos Avós” no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Em discussão o PLL nº 137/98. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1856/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 086/98, de autoria da Verª Anamaria Negroni, que proíbe a realização de rinhas no âmbito do Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Verª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em discussão o PLL nº 086/98. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. presidente e Srs. Vereadores, com relação ao Projeto de iniciativa da Ver.ª Anamaria Negroni, já havíamos feito algumas ponderações a S. Ex.ª no sentido de reexaminarmos a matéria. Evidentemente, não aprofundamos a análise jurídica da matéria. Mas temos, ao longo da história, não só local, brasileira, como de resto de outros países, uma série de culturas que fazem parte das tradições da história das regiões e dos povos. Podemos citar inúmeras tradições, por exemplo: as touradas, na Espanha, os embates galísticos, em vários países do Caribe, nos Estados Unidos, enfim, numa série de países onde o povo tem as suas tradições, as carreiras, no Rio Grande do Sul, os rodeios.

São muitas as atividades que estão inseridas no cotidiano, na cultura do povo, são criações populares que radicam das tradições que vão sendo passadas de pai para filho. Temos conversado com pessoas, e conhecedores que somos desse esporte, que é a rinha de galo, temos sustentado que se deve, ao galista, a preservação da espécie. Só existe a discussão porque existe esse embate, e é em função disso que ainda persiste essa espécie de ave, o chamado galo combatente. Tenho dito, em muitas oportunidades, que o único crime que comete o galista é tratar o galo de briga como se uma pessoa fosse. Quem conhece as denominadas coudelarias, as cocheiras onde as aves são tratadas, sabe que há um cuidado já com as matrizes, o galo e a galinha são tratados com os maiores cuidados para que se produza, talvez, no amanhã, um campeão.

É uma atividade que está enraizada nas tradições de diversos povos, diversos países. Não há legislação proibindo. Havia um decreto do Jânio Quadros que proibia as rinhas. Posteriormente, o Primeiro-Ministro Tancredo Neves revogou a Lei. Então, não existe nada que proíba, desde que nas condições ideais. Porque o combate que se dá entre os galos passa por determinadas regras: as aves têm que ter o mesmo peso, as aves têm que ter as mesmas condições, as mesmas armas para a disputa. Se começarmos a proibir, deveríamos pensar primeiro, em proibir o boxe, em proibir a luta, e proibir que se abata. Se há uma ave que mais dura é, exatamente, o galo de briga, porque as demais aves são abatidas ao primeiro canto, que é para fazer-se o galeto. Então, o galo de briga, o galo combatente, esse, das espécies galináceas, é o que mais dura, é o que mais tempo de vida tem, porque é muito bem cuidado, é muito bem tratado.

Eu insistiria com a Ver.ª Anamaria Negroni que encontrássemos uma forma, uma maneira de se fazer uma discussão, fazer alguns contatos, algumas visitas em coudelarias, em rinhedeiros, aqui ou no interior do Estado, onde se praticam os denominados rinhamentos, que se dão em condições absoluta de igualdade.

Fica, aqui, a nossa manifestação contrária à aprovação da presente matéria por entender que se nós começarmos a tirar as atividades, vamos ter que proibir as carreiras, os rodeios, enfim, vamos começar a tirar essas produções populares do homem simples, do gaúcho do Rio Grande e de outras partes, vamos começar a cercear de uma forma que não sei o que vai restar.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está se inscrevendo e cedendo o tempo a V. Ex.ª, com a aquiescência dos Vers. José Valdir, Pedro Américo Leal e Maria do Rosário.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato ao Ver. Paulo Brum pela cedência do tempo. Nós poderíamos examinar sob vários enfoques. Sob o enfoque de uma cultura das tradições, da própria história; sob o enfoque daquilo que se poderia dizer que é uma crueldade: olha não se pode mais abater aves, não se pode mais domar, não se pode correr carreira, porque essa sim seria como o abate de aves, a ação mais violenta que se possa cometer contra a ave. Há todo um ambiente para que se dê o combate, a contenda nas condições em que se faz, com recursos técnicos, inclusive as aves têm as biqueiras, elas são preparadas, há condições de igualdade no combate, a ave é tratada. Trata-se de uma tradição muito forte, não só aqui no Rio Grande do Sul, mas também em diferentes países.

O apelo que faço à Casa é de, num primeiro momento, não aprovarmos o Projeto e voltarmos a discutir essa matéria, quem sabe até envolvendo setores vinculados às rinhas. Se começarmos a proibir, é  o que sustento, vamos terminar com as tradições do Rio Grande, não há município do nosso Estado onde não exista uma arena, denominado rinhadeiro, onde, naquelas condições, se fazem os embates entre as aves. Se tivermos que fazer alguma coisa em relação à crueldade, então que proibíssemos o abate das aves.

Há uma série de outros argumentos que poderíamos trazer que sustentam o entendimento de que nós devemos preservar, dentro das condições que se dão, de igualdade, nem poderia ser diferente, o embate entre as referidas aves. O galo de briga só existe em função do combate, porque há um galista, aquele que é aficcionado, que prepara a ave para o embate em condições ideais. Eu volto a sustentar, a menos que me provem o contrário, que o galo de briga, das aves galináceas, é a que dura mais. Eu, às vezes, nesses encontros pelo interior do Estado, em termos de brincadeira, digo que na outra encarnação eu quero vir galo de briga porque, efetivamente, é o que mais dura, é o que tem assegurado por mais longo tempo a sua vida, porque as demais aves e principalmente as galináceas desaparecem, no primeiro canto, para servir de galeto, para servir aos comensais nas mesas da população.

 

A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, acredito que V. Ex.ª não pensou muito quando disse que gostaria de voltar, numa outra encarnação, como galo de briga, porque se V. Ex.ª pensar bem que outras pessoas viriam a aproveitar de uma briga de V. Ex.ª de vida ou morte para ganhar dinheiro ou como esporte, acho que V. Ex.ª iria pensar de maneira diferente. Então, a coisa não é bem assim. O abate, para comer, quando serve para alimentação, é diferente, inclusive o animal não fica sujeito à crueldade. Ele é abatido na hora, inclusive em série. De outro lado, quando o animal é domado, não existe sevícia. Nas rinhas, ele é usado para que as pessoas que gostam desse tipo de sadismo ganhem dinheiro.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu quero dizer a V. Ex.ª, e retomo a linha de pronunciamento, que, em primeiro lugar não se trata de ganhar dinheiro e nem de sadismo; aquilo é a mesma coisa que os demais tipos de esportes, como as carreiras, onde as pessoas apostam.

Mas, de qualquer forma, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós achamos que são tradições, são culturas que nós deveríamos examinar melhor antes de nos manifestarmos contrariamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu me criei dentro de rinhadeiro. Só tem uma coisa que eu, de fato, acho que está mal na rinha de galo: é armar o galo; é colocar biqueira de aço; é colocar espora de aço. Eu acho que a rinha de galo tinha que ser ao natural. Essa questão da desumanidade é um tema que nós temos, como disse o Ver. Elói Guimarães,  que aprofundar porque não é mais desumano do que castrar um animal para que ele possa depois nos fornecer a carne - porque um animal para ser abatido, um boi, ele tem que ser castrado - e criar um animal desde o início prevendo que ele vai acabar na panela, inclusive cerceando a liberdade do animal, condicionando toda a vida do animal a ter um bom desempenho depois como fornecedor de alimento ao ser humano. Essa questão, se nós pegarmos pelo lado da desumanidade, não tem saída. Agora, é claro que tem coisas que são absolutamente desumanas, como por exemplo, a farra do boi.

No caso da rinha de galo o que se faz é pegar o animal e dar vazão ao instinto animal. O galo, como disse o Ver. Elói Guimarães, é tratado com toda a nobreza. Eu acho que o galo de rinha tem durante a vida dele uma dedicação do ser humano que a ave que é destinada a fornecer alimento ao ser humano não tem. Ele é tratado com toda a distinção, com todo o privilégio, é inclusive desenvolvido, enquanto atleta, para fazer aquele enfrentamento. Eu tenho muitas dúvidas. Esse tema da desumanidade, se nós formos aprofundar, não tem saída.

Eu disse, inclusive, num poema que fiz: “A vida vive da morte.” Nós seres humanos, pelo menos aqueles que costumam comer carne de toda a espécie, nós temos que matar para sobreviver. Inclusive, hoje em dia com a tecnologia, nós sofisticamos a tal ponto que criamos determinados animais em cativeiro, restringimos o animal a vida inteira, condicionamos esse animal, simplesmente para ele dar um resultado econômico melhor. Nós vemos hoje em dia, técnicas que são usadas, Ver. Elói Guimarães, que são violentas, inclusive à natureza do animal, pois condicionam toda a existência do animal a acabar como fornecedor de alimento para o ser humano. Se formos fazer esse debate pela questão da desumanidade, vamos todos virar vegetarianos. Hoje, as técnicas de produção de alimentos de origem animal cada vez mais confinam os animais e violentam a sua natureza, pois têm como parâmetro a geração de recursos econômicos. Isso é completamente desumano!

Nas rinhas de galo, a única coisa que eu acho complicado é armar o animal. Acho que deveríamos ter uma lei proibindo a utilização de biqueira de aço e espora de aço. Agora, utilizar uma determinada característica do animal para fazer jogo é o que se faz no Prado, por exemplo. O cavalo não nasceu para correr carreira.

Diariamente são castrados animais para que eles possam ter um determinado desempenho em função do ser humano, visando ao fator econômico. Isso é uma violência contra a natureza do animal! Isso é absolutamente desumano!

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quando V. Ex.ª fala em todo o sistema de proteção, eu concordo com V. Ex.ª Mas, numa discussão zootécnica sobre o assunto, concluiu-se que a espora natural do galo é mais ferina do que a espora de metal.

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Antônio Losada estava inscrito e com a aquiescência dos demais Vereadores inscritos V. Ex.ª pode continuar na tribuna por mais cinco minutos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: O aspecto que eu falei é sobre a questão da desumanidade que é tão falada com relação à rinha de galo. E estou tentando mostrar aos meus pares que se pegarmos sobre essa questão da desumanidade não temos saída, porque vamos ter que abolir todas as técnicas de produção que existem hoje e que são absolutamente contrárias ao desenvolvimento natural das espécies, que cerceiam os instintos, que mutilam os animais, como é o caso da castração para o abate.

Mas tem outros aspectos que devemos aprofundar. Por isso eu acho, Vereadora, que para este Projeto deveríamos dar mais um tempo para discutir e amadurecer bem.

Tem a questão que o Ver. Elói Guimarães levantou aqui que é a questão da cultura, pois cultura popular não se resolve por decreto. Essa questão da rinha de galo é uma questão que está entranhada na nossa cultura. Inclusive, existem no livro de Jaime Caetano Braun com dois poemas que são ontológicos, um deles “A última rinha” e que todos conhecem, isso está entranhado. É certo ou não é, tudo bem, é um julgamento que podemos fazer. Mas nós não vamos combater determinados aspectos da cultura popular por Decreto, porque atrás disso tem todo um condicionamento histórico.

Então, legislar contra a cultura popular, dessa forma, eu acho que não tem eficácia, Ver. Elói Guimarães.

E a outra questão que não foi abordada aqui é a questão econômica. Eu não sei avaliar o aspecto econômico. Existe uma rede de rinhadeiros que faz parte do que eu chamaria de economia não-visível; deveríamos, também, avaliar sobre esse aspecto.

A Vereadora está de parabéns porque levantou um tema absolutamente importante e polêmico e exatamente por ser um tema complexo e polêmico parece muito simples à primeira vista, mas não é, e é por isso que eu acho que esse assunto deveria ter mais tempo para ser analisado.

 

A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. José Valdir, eu queria apenas deixar claro que já existe uma lei a respeito desse assunto. Esse Projeto é apenas uma ratificação de uma Lei Federal, deste ano ainda, que considera crime ambiental esse tipo de prática. As rinhas de galo entrariam dentro desse crime ambiental. Então, acredito que seria uma ratificação dessa Lei dentro do nosso Município. Eu tomaria como uma Lei Municipal do Legislativo, que proibiria esse tipo de prática no nosso Município, ratificando uma lei que já existe em nível nacional. É muito bom que os nossos pares verifiquem esse pormenor.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, vou fazer chegar às mãos da Ver.ª Anamaria Negroni uma manifestação do próprio IBAMA, não incluindo o esporte, o embate de galo de briga como algo sob, vamos dizer assim, as prescrições da referida Lei. É apenas uma interpretação o que S. Ex.ª está fazendo. Não há, absolutamente, a proibição naquele documento, até porque ele trata de outra área e não da matéria que agora se debate. Eu farei chegar à Ver.ª Anamaria Negroni um documento do IBAMA nesse sentido.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLL nº 086/98.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há muitos anos, eu escrevi no “Correio do Povo” um artigo sob o título “O Cavalo da Matriz”. O que dizia esse artigo? É bem verdade que os tempos eram outros, a Praça da Matriz ainda permitia que o dono do cavalo - ignorante, talvez - amarrasse o animal para se desfazer dele. Não queria mais vê-lo, porque ele já não servia para os trabalhos que facilitavam a sua vida de indivíduo.

Esse artigo eu escrevi sob o ponto de vista da ingratidão humana e tive a honra de vê-lo estudado por muitos colégios de Porto Alegre. Lá se vão trinta anos! Hoje venho eu aqui na tribuna para dizer à Ver.ª Anamaria Negroni que sou favorável ao seu projeto, porque não posso ficar inabalável como sei que alguns Vereadores vão ficar - sem dar a sua opinião, em abstenção ou saindo da sala -, quando os animais são duramente tratados nesta Cidade. Nós podemos passar pelas casas que vendem cães, gatos, pássaros, e os vemos todos eles enclausurados em pequenas jaulas, dia e noite, sofrendo. E não fazemos nada! Não contem comigo!

Eu diria até que para com os humanos eu sou mais duro, porque eles têm raciocínio, sabem o que fazem, têm intenções. Quando um humano toma uma medida ou toma um rumo, faz isso com convicção e porque quer, mas os animais são todos irracionais, e nós exercemos sobre eles um poderio que não temos. Claro que V. Ex.as vão dizer, como já disseram, que os galos-de-rinha são preparados para o combate, vivem em guerra, têm inerente ao seu espírito, à sua índole, a luta. Mas nós incentivamos essa luta.

Eu pergunto ao Ver. José Valdir: V. Ex.ª tem o direito de permitir a luta, de oportunizá-la, de armar os animaizinhos para isso, redobrando as suas garras, seus pontos de extermínio.

Que vergonha! A Espanha, as touradas de Madrid, para mim não têm nenhuma beleza, porque quando as portas se abrem sob alaridos e cornetas, surge aquele touro que vai ser exterminado pelo toureiro, porque bandeiras lhe são pregadas. Ele é corrido, é cansado, ele morre porque, na verdade, não tem alternativa.

V. Ex.as estão agora julgando tudo isso! Aprovem ou reprovem o projeto da Ver.ª Anamaria Negroni, mas sem minha aprovação. Como dizia o grande escritor Alexandre Soljenitzyn: “Façam tudo o que quiserem, mas sem mim”. Não contem comigo!

 

A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de ilustrar sua exposição dizendo que ingressamos, nesta semana, com um projeto. V. Ex.ª dizia que não tomamos medidas. Tomamos, sim, com relação aos animais que estão encaixotados dentro das lojas. Na segunda-feira, ingressamos com um projeto pensando em dar uma solução a esse tipo de crueldade também.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, seu tempo está esgotado. O Ver. Isaac Ainhorn inscreve-se e cede seu tempo a V. Ex.ª, que tem mais cinco minutos.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vejo V. Ex.ª na tribuna, Ver. Pedro Américo Leal, e fico pasmo, eu que o conheci há mais de 30 anos no comando da tropa. Digo a V. Ex.ª: o velho Coronel, o velho soldado, hoje está-se constituindo no “Pedro Américo cansado de guerra”.

Ora, meu Coronel, meu brilhante edil, meu brilhante parlamentar, que esgrima, hoje, com a retórica, mas é um homem que abandonou as armas.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Ex.ª está enganado, pois eu, quando combatia os humanos, fazia isso com muita propriedade, e V. Ex.ª tem até que agradecer, porque foi um dos que escapou pela minha bondade daqueles tempos. Escapou com vida e anda pululando por este Plenário sem parar.

O Ver. Gerson Almeida está-me devendo um trabalho que ele, como ecologista, disse que faria. Esperando por ele, eu ainda não fiz um trabalho sobre os animais que estão presos e engaiolados nessas firmas que vendem bichos em Porto Alegre. E já por duas ou três vezes fiz-lhe, da tribuna, esse pedido.

 

O Sr. José Valdir: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu concordo com V. Ex.ª de que a tourada e a “farra do boi” são uma covardia com os animais, assim como o que V. Ex.ª referiu sobre o que é feito com animais, como com os cavalos nas carroças. Porém, o homem utilizar o cavalo para a guerra, obrigá-lo a participar de uma guerra que não é dele, mas do ser humano - e está aí a Cavalaria a demonstrar isso -, V. Ex.ª é contra ou a favor disso?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sou contra, mas tenho que admitir que é uma arma dos exércitos de todo o mundo.

Ontem eu li nos jornais que o Juventino, um indivíduo que morava em Rosário do Sul e que pertencia a uma fazenda qualquer, morria com o seu cavalo, atropelados, ele e o seu cavalo, por um automóvel. A imprensa de Porto Alegre destacou isso, talvez até pelo espírito gauchesco que existe em todos nós, levados pela montaria e pelo montador - o cavalo e o cavaleiro. Aquela era uma cena que merecia destaque. Eu acho que o cavalo não tinha nada que pagar por uma guerra com a qual ele não tinha nada a ver. Mas o que vou fazer? É uma arma, e contra uma arma não posso me rebelar. É uma guerra, o que vou fazer? Vereador, não é para tudo que temos respostas.

Eu desejo dizer que, se Anamaria não tivesse feito esse projeto, eu não entraria em cogitações. Mas, quando ele vem ao Plenário para que eu decida como voto, tenho que votar com a Ver.ª Anamaria. Como eu vou ser pelo trucidamento de uma ave que fica enclausurada, engaiolada e que é levada para a luta de repente, e que, logo depois, se sobrar, é recolhida para uma outra luta? E assim ela vai até se exaurir, até morrer. V. Ex.ª, Ver. Isaac, sempre me lembra o passado, e eu me arrependo profundamente de ter-lhe salvo a pele. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Maria do Rosário está com a palavra para discutir o PLL nº 086/98.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, eu vou discutir essa matéria com tranqüilidade e tentando contribuir, mas vou, muito mais, participar no sentido de buscar idéias. Eu penso que a Ver.ª Anamaria Negroni tem, hoje, o mérito indiscutível neste Plenário, de contribuir para o debate do que significa a proteção dos direitos dos animais e do nosso compromisso. Nós nos tornaremos melhores seres humanos também, se conseguirmos conviver, se conseguirmos respeitar toda a forma de vida.

E dizer que fazemos parte dessa complexidade que é a natureza! Pois, até mesmo na experimentação científica, que utiliza animais, é preciso haver princípios éticos, tanto que existem, com clareza, determinações internacionais acerca da experimentação científica com animais. E o primeiro artigo determina que todas as pessoas que praticam a experimentação biológica devem tomar consciência de que o animal é dotado de sensibilidade, de memória, e que sofre, sem poder escapar à dor, e que o ser humano é moralmente responsável por suas escolhas e atos em relação à experimentação animal. Na verdade, a própria legislação de proteção internacional, chamada Legislação de Interesse para a Causa Animal, e a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, traz a nossa responsabilidade, como seres racionais, estabelecida nos fóruns internacionais de Direito, na qual está claro que todo animal tem direito de ser respeitado, que todo animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre, no âmbito do seu ambiente natural, e de que, enfim, todo animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente tem o direito de crescer no ritmo de suas condições de vida.

Eu estou me referindo a essas questões com o objetivo de demonstrar que legislações que trabalhem na proteção dos direitos dos animais são responsabilidade nossa, sim, responsabilidade ética e estabelecida também para os parlamentos de diferentes níveis, e que inclusive a Câmara Municipal de Porto Alegre tem dado a sua contribuição. É assim que em 1991, a Lei nº 6.946, dispôs também sobre a comercialização dos animais em Porto Alegre, estabelecendo claros critérios para as chamadas lojas de animais, onde está resguardada a obrigação que temos como Poder Público em relação à fiscalização desses equipamentos, dessas lojas, a obrigação que elas têm, e que devem exercer. Nós temos obrigação também de requerer ao Poder Público Municipal, através dos setores de vigilância, que exerçam, no sentido de que ali os animais estejam protegidos de qualquer dor, enfim protegidos. Também o Ver. Giovani Gregol, quando esteve nesta Casa, também legislou no sentido da não comercialização dos animais, de forma indevida, nas praças, nos parques, como hoje ocorre, e que nós já falamos aqui, no Parque da Redenção, junto ao Brique da Redenção.

Senhores Vereadores, eu penso que a Casa precisa se aprofundar mais sobre essa matéria, mas está claro que não só o momento onde existe um conflito entre os animais, mas a preparação desse momento é de responsabilidade também de seres humanos, porque naturalmente os animais teriam essa tendência a assim se comportarem? Pergunto se deixássemos esses animais no ambiente natural, eles teriam essa resposta violenta um sobre o outro, ou essa resposta violenta é provocada pela ação humana e pelo condicionamento que os seres humanos impõem a esses animais, na forma com que são criados? Na verdade, estou discutindo essa matéria com o máximo cuidado para não estabelecer aqui um posicionamento prévio sobre ela, mas também, não quero incorrer naquele pecado indicado aqui pelo Ver. Pedro Américo Leal, que é o pecado do não-posicionamento. Não podemos observar, nosso modo de ver, o que é da cultura popular e, creditando à cultura popular, concordarmos com tudo.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereadora, seu tempo está esgotado. O Ver. Cláudio Sebenelo se inscreve e cede seu tempo a Ver.ª Maria do Rosário, com a vênia dos Vereadores João Dib e Guilherme Barbosa que já estavam inscritos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Aceito o tempo do Ver. Sebenelo, agradecendo imensamente, para também lhe conceder um aparte posteriormente.

 

A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) V. Ex.ª está debatendo muito bem a matéria, inclusive pesquisando sobre o assunto. Vejo que V. Ex.ª colocou uma situação que complemento: será que esses animais estão no seu estado natural no momento do embate? Não. Sabe-se que esses animais são criados com anabolizantes, e são preparados para o embate com verdadeiros coquetéis bombásticos para que os animais dêem o máximo de si no momento do embate, com o que, obviamente, não podemos concordar.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Maria do Rosário, uma teoria que estudava a vida na terra de um grande pesquisador chamado Lamarck, que criou a teoria do Lamarckismo, em que os animais ficam hegemônicos e preponderam quando há a seleção natural. A seleção natural é violenta, e há uma agressividade natural dentro dos animais, inclusive de sobrevivência, dos maiores serem os algozes dos menores, e mais do que isso: alimentação dos animais carnívoros se dá uns matando os outros. Se vê muito isso em filmes. Está muito bem colocado pela Ver.ª Maria do Rosário, mas eu vou dizer com toda a honestidade, o pecado que o Ver. Pedro Américo Leal fala pode ser o da indiferença, esse sim é um pecado, mas a dúvida não, e eu realmente tenho dúvidas se é uma atitude correta e de proteção nossa, ou se essa briga por instinto é exacerbada, estimulada pelo uso de medicamentos que se chamam estimulantes, aí, sim, acho que isso deveria ser proibido.

Sobre o outro ponto de vista, como disse o Jaime Caetano Braun: “Se brigam por instinto.” Isso me deixa mais dúvidas.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: A dúvida é parte de um debate que é saudável. Quando estamos trabalhando essa matéria eu me pergunto sobre a preparação, porque a preparação pode ser mais complexa e, no todo, mais danosa do que o momento em si. No entanto, eu preciso dizer desta tribuna, que o art. 10 da Declaração Universal do Direito dos Animais, com a qual nós estamos comprometidos, diz o seguinte: “Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem. As exibições de animais e os espetáculos que utilizem os animais, são incompatíveis com a dignidade do animal. Precisamos, sim, analisar o conjunto dos espaços que utilizam os animais. Se existem atrocidades cometidas contra animais, de um lado, não vamos justificar outras situações incorretas porque existe aquilo, porque existe uma situação determinada. Por exemplo, o Vereador poderá perguntar: como ficam os animais dos circos? Os animais dos circos devem ser tratados dentro de uma legislação rigorosa de proteção também. Isso é fundamental. Eu não sei qual é o objetivo de existir as brigas de galo? É um divertimento do homem, que divertimento é esse? Então eu fico me perguntando com relação às dúvidas que o Ver. Cláudio Sebenelo tem, que também são as minhas e das quais compartilho, porque me preocupo com essa matéria, quero estudá-la melhor e chegar a melhor conclusão. Não podemos buscar justificativas muito simples, porque se essa cultura se estabeleceu, quem sabe já não seria a hora de estabelecermos uma outra também! Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia 24/08/61, depois de esgotar os bilhetinhos, depois de desfilar com os seus safaris, depois de reclamar contra o biquíni e a rinha de galo, o Presidente da República, Jânio Quadros, renunciou. Parece que não havia nada mais importante para ele fazer do que discutir rinha de galo, biquíni e monoquíni. Parece também que não há duvida alguma entre os Vereadores de que os galos de rinha são galos de briga por natureza. Não há nenhuma contradição nesse caso, realmente está dentro do tipo de animal que é de luta, guerra, briga, conflito, e os animais são muito mais organizados às vezes que os humanos e eles procedem de forma a não deixar dúvidas sobre aquilo que farão e farão sempre. Todos os animais selvagens marcam o seu território, há um macho predominante e ele não permite que outro entre em seu território e marcam com urina, fezes, arranhando a terra, e é respeitado. Nós humanos é que não respeitamos as fronteiras do nosso semelhante, vivemos em guerra ao invés de fazer a paz.

Acho profundamente estranho que haja uma preocupação com as rinhas de galo - como bem colocou o Ver. José Valdir -  que conheceu desde criança, que não faziam mal a ninguém. Mas, talvez, o uso de bodoque de aço devesse ser proibido, porque na natureza não existe esse esporão de aço para dar mais vigor na luta. Mas acho estranho que as mesmas pessoas que lutam contra a rinha de galo de briga - esse é o nome dele, pois nasceu para isso - não façam nenhuma contestação contra a criação de galinhas, porque deixam a galinha com luz acesa o tempo todo, o que faz com que se alimente mais e engorde rapidamente e seja abatida para atender os humanos. Não será desumano deixar o pequeno animalzinho sempre com luz acesa, até para que ponha mais ovos, para que os humanos se locupletem mais? Por que eu não vejo um projeto de lei proibindo o sacrifício das aves nos diferentes rituais que têm pela Cidade? Há quem já presenciou o sacrifício de uma ave num ritual. Não estou entendendo mais nada!

Aquele animal que nasceu para a luta vai ter uma lei impedindo que ele lute; aquele animal que nasceu para ser de paz e tranqüilidade pode ser violentado. Acaso os cães da Polícia do Exército nasceram da forma que são, ou são treinados, violentados, domesticados para fazer o que o homem quer? Por que não há uma lei proibindo que os cães sejam utilizados daquela forma? Essa não é a vida natural do cão. Quem já viu o preparo de um cavalo de corrida? Quem já assistiu nas madrugadas, onde obrigam os cavalos a piques violentos, para que ele possa participar de uma corrida no sábado ou num domingo? Não vejo ninguém fazer uma lei proibindo o cavalo de ser violentamente chicoteado, quando se aproxima o disco da chegada, e dois cavalos disputam. Não vi ninguém fazer uma lei proibindo a violência dos jóqueis que chicoteiam os cavalos e os cavalos, evidentemente, nasceram para ter o seu pasto, a sua tranqüilidade.

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Ver. João Dib, o tempo de V. Ex.ª se esgota, mas o Ver. Renato Guimarães se inscreve e cede o seu tempo a V. Ex.ª.

 

O SR. JOÃO DIB: Sou grato ao Ver. Renato Guimarães.

 

A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu que lhe tenho em um alto grau de estima e consideração, gostaria de saber, neste momento, se V. Ex.ª freqüenta rinhadeiros, se o Senhor gosta desse esporte, porque ele não combina com a sua maneira de ser. O Ver. José Valdir é diferente, parece que o pai do Vereador tinha um rinhadeiro, então, é mais fácil de entender. Por outro lado, acho que nós poderíamos repensar com relação a estas outras crueldades, também, e, quem sabe, propomos outros projetos que aliviem a dor destes animais.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu devo dizer a V. Ex.ª que uma única vez entrei num rinhadeiro. Eu contava, até, para o Ver. Pedro Américo Leal, foi aqui em Porto Alegre, não me lembro exatamente, mas eu sei que era na altura do Moinhos de Vento, o Jóquei Clube era na Rua 24 de outubro, e não tive paciência. Convivi com uma pessoa que criava galos de rinha, mas eu não o via criar esses galos, só ouvia ele falar sobre os seus galos e ele até tinha um apelido, “Trezentos Galos”, porque ele dizia que uma das coisas mais bonitas na vida era ouvir trezentos galos cantando pela manhã.

Volto a dizer, nenhum dos Vereadores que aqui estiveram disse que o galo de rinha teria esse nome, porque seria da sua própria natureza combater. Na realidade, essa é a preocupação.

Sou favorável a que se mantenha o rinhadeiro. Acompanho o pensamento do Ver. José Valdir sobre os artifícios utilizados para que ele se torne mais violento. Talvez esses artifícios devessem ser disciplinados. Não vejo motivo para que se faça esse tipo de discriminação quando as outras aves que são utilizadas pelo homem para o comércio, para a exportação, são quinhentos corações de galinha servidos no espeto, e são tratados de uma forma antinatural, luz acesa durante vinte quatro horas por dia para que cresçam rapidamente comendo mais e para que as galinhas ponham mais ovos.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já fiz um aparte durante o pronunciamento do Ver. José Valdir. Já se fez um estudo e falo com conhecimento de que o esporão natural é mais ferino do que o retovo de metal que tem um material todo especial.

 

O SR. JOÃO DIB: Sou grato a V. Ex.ª e a sua informação, que demostra que esse assunto deveria ser muito mais estudado antes de ser aprovado esse Projeto na forma do art. 81 da Lei Orgânica, isto é, sem Parecer.

Não tenho outra posição a não ser contrário ao que pretende a minha querida amiga, Ver.ª Anamaria Negroni, porque não é esse o caminho natural das coisas.

Sempre que posso acompanho aqueles documentários na televisão sobre as feras e as feras são muito mais claras sobre o que vai acontecer do que nós, os homens. As feras somente matam para se alimentar. Não fazem guerra pela guerra. Nós fazemos guerra pela guerra e aí, vamos querer disciplinar a rinha que é uma coisa da própria natureza do galo. Fico na minha posição contrária ao projeto da Ver.ª Anamaria Negroni e vou esperar que a maioria dos meus colegas faça o mesmo. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir o PLL nº 086/98.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como estamos vendo, este é um projeto que ultrapassa as questões partidárias das Bancadas. Penso que tem a ver com a visão de mundo que cada pessoa, individualmente, tem; sobre a forma com que se relaciona, enfim, com a natureza de maneira geral. Tenho convicção de que uma pessoa que não se integra de uma forma completa com a natureza, esta pessoa não consegue ser um ser humano, de maneira redundante na frase, não consegue existir enquanto ser humano na sua totalidade. A natureza é tudo para cada um de nós. A nossa saúde, a nossa vida, a nossa sanidade mental, inclusive, está intrinsecamente ligada à natureza e da maneira mais completa possível. Alguém já disse que dá para ler um ser humano pela maneira como ele se relaciona com os animais. Penso que isso é absolutamente verdadeiro e não posso aceitar que alguém defenda a tese de que os galos de briga, assim chamados, uma raça de ave, seja guerreira por natureza.

Isto não existe na natureza, isto não existe. Os animais brigam, os animais matam por uma razão muito simples: pela manutenção da espécie. Brigam, os machos, normalmente, quando disputam a fêmea, no tempo do cio, para delimitar um espaço exatamente para a sua sobrevivência. Os animais matam, e raramente matam os da sua própria espécie, para comer, para se manterem vivos. Ninguém viu, jamais, um animal matar outro da outra espécie e abandoná-lo morto, isso não existe, ele mata para comer, ele próprio e a sua prole. Porque se ele matar indiscriminadamente, embora não seja um ato racional, ele termina, a médio ou a longo prazo, matando a si mesmo, porque está matando a sua possibilidade de sobrevivência.

Creio, embora haja outros exemplos aqui já ditos de utilização do animal pelo homem para atos pouco relevantes, que não se justifica um erro com o outro, e a criação do galo de briga seria para mim o requinte do mau-trato com o animal. Começa pela forma como são criados, não são criados livres, eles são criados em gaiolas, permanentemente em gaiolas. E no momento da briga, da rinha eles são maltratados para que fiquem mais agressivos e ataquem o semelhante, aí são colocadas esporas de aço, e quem vai me dizer que isso é natural? Chegam a ser colocadas esporas de aço para aumentar a potencialidade de briga contra o outro, isso é coisa natural do galo? Batem no pescoço do galo para deixá-lo mais furioso, dão para o galo beber alguns produtos para deixá-lo mais bravo para atacar o seu semelhante. Isso é o requinte da maldade pensada, programada do ser humano. Às vezes eu me pergunto se o ser humano é, de fato, um animal racional.

Portanto, sou a favor do projeto da Ver.ª Anamaria Negroni. Isso não é esporte. Como pode alguém chamar isso de esporte, colocar animais a brigar para deleite do ser humano? Isso é o requinte da maldade, do sadismo. Meu voto é a favor do projeto da Ver.ª Anamaria Negroni. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino que cede o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn, que discute a matéria.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, discutimos Projeto da Vera. Anamaria Negroni que pretende proibir a rinha, a briga de galos na Cidade de Porto Alegre; Não é novidade. Recordo-me, aqui, do antigo líder do Ver. Pedro Américo Leal, Sr. Jânio da Silva Quadros que num daqueles seus momentos de acesso proibiu a rinha de galo em todo o País. Certamente, coerente com a mesma linha, hoje, defende a proibição na Cidade de Porto Alegre.

Acho que uma coisa que se deve ter presente é o respeito à cultura popular que aqui referiu o Ver. José Valdir, e, mais, além do respeito, não é por decreto que vai se eliminar a natureza, a tradição, os instintos dos animais. Vejam, Vossas Excelências, eu consultava a Enciclopédia Barsa que na sua referência aos galos de rinha informa que desde os tempos remotos as brigas de galo, Ver. Elói Guimarães, constitui uma diversão popular na Índia, na China, na Pérsia e em outros países orientais.

“Na Grécia, já era conhecida no tempo de Temístocles. De Atenas foi levada à Ásia Menor, à Sicília e à Roma. Com o passar dos anos à Inglaterra, à Alemanha, aos Países Baixos, à Espanha e suas colônias na América. A versão das brigas de galo como originárias do México ou das Filipinas, propagando-se na Europa em fins do século XVII, não tem confirmação histórica. Espetáculo cruel e sangrento em que as apostas são a principal finalidade, tendem a ser uma permanente na cultura desses povos. As esporas são previamente afiadas e também influem na classificação dos lutadores, os apostadores se colocam em torno da rinha e as apostas variam de tempo de duração de luta até a desistência de um dos galos. Se a luta não se decide no tempo, é proclamado, de forma preestabelecida, o empate. Assim como os pugilistas, os galos são submetidos a treinamentos especiais, exercícios, dietas, massagem de álcool e amônia, desde que começam a manifestar a sua tendência para luta e se exercitam com as esporas cobertas, a semelhança das lutas de boxe. Animal eminentemente guerreiro”.

Vejam V. Ex.ª a história, a natureza desses animais servindo por milênios, chegando a superstição da cultura popular ao sacrifício nas terreiras. A começar essa cultura, nós vamos ter que proibir muito mais coisas, vamos ter que mudar a cultura. A própria Lei nº 5.197, que dispõe sobre a proteção da fauna e dá outras providências, diz no artigo 6º: “O poder Público estimulará a formação e funcionamento de clubes e sociedades amadores de caça e de tiro ao vôo, objetivando alcançar o espírito associativista para a prática desse esporte”. Aqui estão alguns elementos que, neste curto espaço de tempo, me proporcionam a discussão deste tema realmente polêmico. Mas acho que não é o centro da questão maior que deve nos posicionar sobre isso.

Sem querer me atrever a ser o dono da verdade, eu acho que existem outras questões prioritárias, muito mais importantes neste momento do que estarmo-nos preocupando com os rinhadeiros. Muitas coisas mais nos preocupam e, neste momento, deveríamos estar buscando uma solução para as crianças que cheiram cola de sapateiro, aos nossos olhos, na Praça da Alfândega, na Av. Borges de Medeiros, na Feira do Livro e nós somos impotentes para resolver esse problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Adeli Sell.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, voltei à tribuna para esclarecer mais algumas coisas. Essa razão ética que quer se usar para proibir a rinha de galo não se sustenta porque ela é unilateral. Hoje, toda a carne que a maioria das pessoas, aqui e fora daqui, consumiram no almoço, foi obtida com sacrifício - e, eu diria, até com crueldade. Eu assisti no Globo Rural a uma reportagem mostrando como é criado o gado na fazenda-modelo, nos Estados Unidos. Ele é criado, desde o inicio, em confinamento absoluto para que dê uma carne macia, não pode se movimentar. É injetado, nesse gado, uma série de produtos químicos para que essa carne seja adequada e dê lucros, tenha rentabilidade. Especialmente das galinhas - o Ver. João Dib já falou aqui -, são transportadas naqueles caminhões que já vimos. Agora, os arautos da ética não vão deixar de comer carne. Eu só aceitaria alguém que viesse com essa lógica da ética se fosse um vegetariano. Porque toda a carne consumida pela sociedade, especialmente hoje, na era da tecnologia, é obtida através de uma bárbara intervenção da tecnologia nos animais. Toda carne que nós consumimos hoje no mundo é obtida restringindo, confinando os animais e, muitas vezes, com lances de crueldade.

Eu acho também, em relação ao galo de rinha, que tem o instinto para a briga, nós somos contra o seu instinto? E por isso eu fiz a pergunta ao Ver. Pedro Américo Leal. Agora nós pegamos os cavalos, por exemplo, e obrigamos os cavalos a participar de uma guerra que é a guerra dos humanos e a todo o momento nós pegamos os cavalos e obrigamos esses cavalos a servir de meio de transporte, isso desde o início dos tempos. Então, por essa razão da ética, não tem como nós sairmos disso! A não ser que vamos defender que o homem não pode mais se utilizar do animal como meio de transporte ou como alimentação, porque toda essa utilização, desde o momento em que o homem aprendeu a domesticar animais no Período Neolítico, que foi um dos grandes avanços da humanidade, tudo isso é obtido com dor e sacrifício do animal, em algumas época mais, outras menos.

Eu diria, hoje, Ver. João Antonio Dib, é muito mais violento do que foi nos tempos anteriores a esta tecnologia sofisticada, porque hoje com a tecnologia sofisticada nós realmente escravizamos o animal, fazemos com que o animal já viva em função da sua finalidade econômica. Então, os que combatem tão tenazmente a rinha de galo vão ter que também, pela mesma razão, abdicar de que o homem utilize o animal. O que nós podemos fazer, no caso, não é proibir a rinha de galo e sim estabelecer algumas regras que devem ser observadas para minorar o sacrifício dos animais, para garantir uma dignidade para os animais. As mesmas regras que nós temos que exigir para os carroceiros, quando utilizam os animais, que nós temos que exigir no prado, no caso da rinha de galo  também, e fazer o homem utilizar a tecnologia que tem para  que a rinha de galo seja o menos prejudicial ao galo. Eu acho que é essa a legislação que nós temos que fazer e não, de forma unilateral, querer proibir a rinha de galo e permitir todo o resto que o ser humano se utiliza há milhares e milhares de anos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito, Ver. Clovis Ilgenfritz, cede seu tempo para o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós temos que estabelecer, Ver. Pedro Américo Leal, o ângulo para o debate. E eu proponho a V. Ex.ª que escolha o ângulo para o debate: se vamos debater a questão dos maus-tratos, se vamos debater a questão cultural, ou outros enfoques.

Aqui se falou no Jayme Caetano Braun, uma grande figura do vate gaúcho. E ele tem um belo poema sobre o galo de briga, refletindo exatamente todas essas tradições do Rio Grande. E nessa poesia está a figura do galo missioneiro - é bom que se diga que não tem nenhuma relação com o nosso futuro Governador -, que é uma figura do Rio Grande, do homem da Campanha, vem das entranhas da nossa realidade do interior do Estado. Eu quero dizer, Ver. Pedro Américo Leal, que participo das rinhas, sou criador de galo combatente. E como é que nós vamos analisar essa questão sob o ângulo dos maus tratos? Então, não podemos ter o tiro de laço, principalmente o tiro de laço de cucharra, que é aquele tiro de laço que derruba o animal. Nós não podemos ter domas. Quem conhece doma, sabe. E eu estou me referindo à ação do homem sobre o animal. É diferente da rinha de galo, do embate que se dá entre duas aves em condições de igualdade de peso, de tamanho, de idade, e com todo um aparato de proteção, que seria bom que todos conhecessem. Aqui se misturou com crueldade. Nada a ver com aves colocadas em recintos sem as menores condições. Somos contra isto. Agora, o embate entre as aves se dá em condições de igualdade. Mas se acharmos que isso é uma judiaria, como se diz na linguagem popular, nós temos que proibir todas as formas de combate, por exemplo, o judô, nos clubes onde os meninos praticam. E é bom que se diga, e reafirmo com conhecimento, Ver. Pedro Américo Leal, que, das aves da espécie galinácia, quem dura mais é o galo de briga, exatamente, porque, no combate, há regras, as aves não são atiradas no tambor do rinhadeiro, elas não são jogadas em más condições, elas lutam vinte minutos, são separadas e retiradas pelos galistas para o chamado “banho”, onde é dado banho e feito curativo.

E sobre a questão da espora, análises foram feitas e concluiu-se que o esporão natural é muito mais ferino, eu acho que muitos conhecem o esporão natural do galo. Então o retovo, que é um material especial, é exatamente para minimizar o chamado “toque” que um galo dá no outro. Há a proteção de bico e uma série de proteções e de cuidados com as aves.

Gostaria de insistir com a Ver.ª Anamaria Negroni para que visitássemos um rinhadeiro e fôssemos a uma chamada “cocheira” para examinar como as coisas se dão.

Concluo dizendo que, se começarmos a interferir nessa cultura popular, nós temos que eliminar muitas outras e, com isso, tiramos das pessoas aquilo que a construção histórica, ao longo do tempo, não só no Rio Grande do Sul como em outra áreas, produziu. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Srs. Vereadores encontra-se inscrito, ainda, para discutir a matéria, este Vereador, mas visivelmente não há quórum para que venhamos a dar continuidade na Sessão.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, qual o quórum que a Mesa entende, neste momento, para a continuidade dos trabalhos?

 

O SR. PRESIDENTE: Para discutir a matéria, onze Vereadores. E não há, neste momento, visualmente, onze Vereadores. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h57min.)

 

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